Bonnie e Clyde, filme de 1967, produzido e idealizado por Warren Beatty e dirigido por Arthur Penn, abriu caminho para a Nova Hollywood, a geração de cineastas que revolucionou o cinema norte-americano com obras como Sem Destino e O poderoso Chefão. O tema básico dessa geração já estava lá: o conflito de gerações, que aparece com maior destaque no final. Para quem não sabe, os dois eram assaltantes de bancos que ficaram famosos na década de 1930. Nessa época de depressão, muitas pessoas estavam perdendo suas propriedades para os bancos (fato muito bem mostrado no filme Vinha da Ira) e a população logo se identificou com a dupla, muitas vezes protegendo-os. Para a geração do final dos anos 60, a identificação foi imediata: eles eram como o casal, em busca de aventura e novidades, e a polícia representava a geração anterior, conservadora.
Dizem que Warren Beatty se jogou aos pés do presidente da Warner (que já estava praticamente falindo na época) para fazer esse filme. Ao invés de receber um cachê normal de astro, ficou com 40% da bilheteria, o que o tornou milionário quando o filme (indo contra todas as expectativas do estúdio) se tornou um sucesso de bilheteria.
Um dos aspectos curiosos do filme foram as adaptações feitas no roteiro. Na história original, Clyde era bissexual, e só conseguia se excitar com a presença do terceiro membro da gangue, C.W. Moss. Os executivos proibiram essa parte do roteiro e a solução foi sugerir que o personagem tinha problemas de ereção, o que, de certa forma aumentou a tensão entre o casal, deu um ar de humanidade ao personagem e colocou a relação entre Bonnie e Clyde num patamar mais complexo, já que ficamos o tempo todo os nos perguntando o que os mantém juntos (talvez o gosto pela aventura).
Uma figura central no sucesso do filme foi o roteirista Robert Towne. Towne era extremamente inseguro quando estava escrevendo um roteiro próprio, mas era o melhor para consertar roteiros de outros. Uma das maiores contribuições dele foi atencipar uma cena que acontecia após a visita de Bonnie à mãe. A gangue rouba um carro e, no final, acaba dando carona aos donos do carro. O grupo está se divertindo quando Clyde pergunta ao homem qual a sua profissão. Agente funerário, diz ele. Bonnie ordena: "Tirem esse cara daqui". A cena, antecipada, marca o final do segundo ato e o início do terceiro ato. Dali em diante sabemos que o fim do casal está próximo e que eles serão mortos.
Uma curiosidade sobre o filme é que o seu sucesso entre a nova geração foi tão grande que a boina usada por Bonnie se tornou moda entre as garotas do final dos anos 60.
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