Sinal e Ruído foi publicado originalmente em 1989 e era um dos trabalhos mais comentados da dupla Neil Gaiman e Dave McKean, que, na época, fazia grande sucesso com Orquídea Negra e Sandman. Mas só agora, 20 anos depois, chega ao Brasil.
Para entender Sinal e Ruído é interessante entender a época em que essa HQ foi produzida. Era um período em que o público queria novidades e a ideia era testar ao máximo a linguagem de quadrinhos. Sinal e ruído foi produzida no mesmo espírito de Cavaleiro das Trevas, Watchmen, Skreemer.
A trama gira em torno de um cineasta diagnosticado com câncer que escreve um filme que jamais dirigirá sobre um grupo de pessoas que espera o fim do mundo no ano de 999.
Não é, nem de longe, uma narrativa convencional em nenhum sentido, nem do ponto vista textual, nem de imagens. Gaiman mescla a história do cineasta com do fim do mundo ("O mundo está sempre acabando para alguém", diz o cineasta, resumindo em poucas palavras o conteúdo do álbum) e até mistura os personagens, fazendo com que o cineasta interaja com os protagonistas de seu filme. McKean brinca com o título Sinal e ruído e mistura cenas quase realistas com trechos que são verdadeiro ruído (aliás, esse é sem dúvida um dos melhores trabalhos de McKean).
Sinal e ruído, portanto, parece demais com uma HQ do final dos anos 1980 e talvez tivesse um impacto enorme se lançada aqui naquele período. Lançada hoje, perde muito de seu espírito hoje. Além disso, não sei se os leitores atuais têm o mesmo interesse por obras tão entrópicas. Deve agradar principalmente os leitores antigos.
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