O ministro da educação tem falado em aumentar de 200 para 220 dias letivos. O argumento dele é que com isso o Brasil ficaria no nível dos países que têm melhor educação. É um argumento falho em todos os sentidos. Para começar, um erro grosseiro: segundo a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) poucos países têm mais de 190 dias letivos e só um, a Coréia do Sul, tem mais de 200. Na Alemanha são 193 dias, na Áustria e nos EUA, 180 dias. Enquanto isso, o Brasil é um dos países que menos investem em educação. Só para comparar, a Noruega gasta U$ 15.578,00 anuais por aluno. O Brasil gasta apenas U$ 959,00.
Na verdade, um dos fatores que mais atrapalham a educação no Brasil é a falta de leitura. O aluno não lê e até o professor não lê. Há poucos boas bibliotecas públicas e a maioria das bibliotecas escolares são sucateadas (sem falar que em muitas escolas são mandados para a biblioteca o funcionário que está dando problema em outros setores). Ou seja: há um desestímulo geral à leitura e o resultado é o que temos visto: os estudantes não entendem o que estão lendo, tornam-se em grande parte analfabetos funcionais.
O sociólogo italiano Domenico De Masi fala da importância do ócio criativo. O ócio criativo na escola pode ser exatamente nas férias se os alunos forem estimulados a frequentar a biblioteca. Eu usava os períodos de férias para reler as apostilas estudadas na universidade e muitas vezes aprendia mais nessa segunda leitura do que nas aulas.
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