Este ano comemora-se 90 anos da semana de arte moderna. A data tem gerado comemorações e muitos estudos sobre o evento. Entretanto, um grande equívoco ainda resiste: a suposta briga entre Lobato e os modernistas. Já existem várias obras que reavaliam essa relação, em especial o ótimo Furacão no Botocúndia (SENAC, 1998), biografia de Carmem Lúcia de Azevedo, Márcia Camargos e Vladmir Sachetta, mas infelizmente a versão de que Lobato era inimigo da Semana ainda continua sendo transmitida, inclusive em sala de aula.
Na verdade, Lobato fez uma crítica severa a uma das grandes artistas modernistas, Anita Mafalti, quando de sua primeira exposição, em 1917 (muito antes da Semana de 1922), mas são poucos os que se preocuparam em ler o seu texto "Paranoia e mistificação". Nele, Lobato elogia a artista, a chama de original e inventiva. A crítica de Lobato é direcionada ao fato dela se deixar seduzir pela arte europeia. O autor do Sítio não era contra inovações, mas acreditava que Anita deveria procurar na cultura brasileira elementos para sua arte, evitando o macaquismo que sempre nos caracterizou.
Para Lobato, procurar nas vanguardas européias um norte para a arte brasileira impediria a criação de um ideal estético nacional, colocando-nos sempre como imitadores dos povos colonialistas.
Prova de que Lobato não era contrário à estética modernista é o entusiasmo com que ele recebeu o trabalho do escultor Vítor Brecheret, um dos decanos da semana de arte moderna: "Paremos juntos, e juntos admiremos tão soberba manifestação da grande arte. Admiremos sem reserva, que isso é arte de verdade, da boa, da grande, da que põe o espectador sério, e, se sensível, comovido.". Leia mais no Digestivo Cultural
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