Há duas semanas a revista publicou uma matéria na qual afirmava categoricamente, baseada em um relatória da Polícia Federal, que o Governador do Amapá, Camilo Capiberibe, tinha 35 contas em bancos. Na edição desta semana publicou a matéria "CONTAS REFEITAS - governador Camilo Capiberibe afirma ter 8 - e não 35 contas bancárias". Esse tipo de matéria é comum: a publicação faz a denúncia, o denunciado se explica, e depois a publicação contra-argumenta, geralmente explicando de onde tirou os fatos e, na maioria dos casos, contestando a versão do denunciado. Eu esperava isso da matéria. O governador Camilo alega, por exemplo, que a planilha citada pela reportagem traz contas bancárias repetidas. Para contrapô-lo, bastava a revista publicar a planilha e mostrar que as contas não eram repetidas.
A revista não fez nada disso. Simplesmente publicou a versão do governador e, para não ficar óbvio que se tratava de uma errata, terminou falando da verba indenizatória da AL de 100 mil reais. Uma barrigada, como se diz no jargão jornalístico: a verba indenizatória foi diminuída para 50 mil há duas semanas e o jornalista simplesmente não se deu ao traballho de chegar a informação!
As matérias - tanto a denúncia como a errata - mostram o baixo nível do jornalismo brasileiro e denuncismo barato que dominou as redações.
É o paradigma da Veja: fazer bom jornalismo é derrubar governador, derrubar ministro, derrubar secretário.
Na pressa do denuncismo, a revista provavelmente publicou uma matéria sem ter tido acesso aos documentos originais e, principalmente, sem checar as informações. Ao ser ameaçada de processo, preferiu publicar uma errata disfarçada de versão.
A função do jornalismo não é derrubar ninguém. A função do jornalismo é informar e checar as informações.
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