Assisti finalmente o reboot da franquia do aracnídeo. Para começo, é estranho fazer reboot de uma franquia que estava indo muito bem, tanto em termos de crítica quanto em termos de faturamento. A razão é simples: Sam Raimi não gostou das interferências dos produtores no terceiro filme e só aceitaria fazer um quarto se tivesse liberdade criativa. Os produtores preferiram chamar outro diretor, no caso Marc Webber (de 500 dias com ela). Por melhor que fosse o diretor, ficou claro, que ele não teria liberdade.
Dois aspectos do filme deixam claras as imposições dos produtores: Peter Parker andando de Skate e Homem-aranha mais violento em vistas do sucesso do de Batman.
Marc Webber é um bom diretor. Sabe fazer cenas de ação e trabalha bem com a trilha sonora, um ponto importante para um filme voltado para o público teen.
Os atores também agradam. Andrew Garfield é a cara do Peter Parker da fase Ditko. Destaques também para Emma Stone como uma ótima Gwen Stacy. Dos atores, só Sally Field parece não se encaixar no papel.
O filme também tem um bom desenvolvimento de vilão, algo característico da série do aracnídeo. Stan Lee inovou ao criar vilões tridimensionais, que não eram apenas maus, mas tinham motivações pessoais para fazerem o que faziam. O filme respeita isso.
Mais um ponto positivo: a melhor participação de Stan Lee em todos os filmes Marvel já feitos até hoje.
Agora os pontos negativos, e são muitos.
Para começar, a mitologia do personagem fica muito prejudicada com a ausência do jornal O Clarim e de seu dono ranzinza JJ Jameson. Nos filmes de Raimi, o herói passa a ser perseguido graças à campanha feita pelo jornal. No novo filme o personagem é perseguido pela polícia mais do que o vilão e mais do que os bandidos, sem razão nenhuma.
Esse é o maior problema do filme: falta de motivação. Não há motivação real para o Homem-aranha ser perseguido, não há motivação real para ele vestir um uniforme. Os personagens e situação parecem estar a serviço da trama, como se fossem marionetes. São situações forçadas, como quando o jovem Peter Parker, estudante de ensino médio, ajuda o Dr. Connor a solucionar uma situação que ele vem pesquisando há mais de 20 anos.
O espetacular Homem-aranha não é um filme ruim, apesar dos furos no roteiro. O maior problema é ter vindo depois da trilogia de Sam Raimi, que, apesar da escorregada no terceiro, é muito superior. É impossível não comparar.
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