No primeiro dia em que
passamos em Marudá, litoral do Pará, um espírito de porco estacionou o carro na
frente de nosso hotel e colocou o som na maior altura. Achei um absurdo, mas
minha mulher insistiu que eu era um chato, que se tratava apenas de um fato
isolado e que ele logo desligaria. Mal sabia ela que aquilo era apenas uma
amostra do que viria. Um vislumbre do inferno.
Dali para a frente, a coisa só iria piorar, a começar pelo hotel. A proprietária não queria nos dar toalhas, nem roupa de cama. Dois dias depois, quando pedi para ela mandar limpar o quarto, ela me olhou com a cara de quem acaba de ser ofendido. Tivemos que comprar um lençol e dividir a mesma toalha.
Mas isso não era o pior.
O pior viria na noite de sábado. Percebi que não haveria limite nenhum quando um motorista bêbado parou no meio da avenida Beira-mar, abriu a porta do quarto, arriou as calças e mijou ali mesmo. Em seguida ele partiu a toda, quase batendo no carro da frente e, depois, ao dar a ré, no carro de trás. Nem um único guarda apareceu.
Mal começou a tarde e começaram a surgir carros com caixas de som. Um atrás do outro. Um ao lado do outro. Cada centímetro quadrado de som era disputado por um carro com alto-falantes imensos. Curiosamente, todos tocando brega, mas nenhum com a mesma música, de modo que a uma certa distância, você conseguia distinguir apenas barulho, muito barulho. Até carrinhos de pipoca tinham caixas de som. Parecia haver um esforço conjunto para fazer barulho.
Ali por 11:30 apareceu um som tão alto que fez parecer que os outros tinham abaixado o volume. Fomos na sacada do hotel e o que vi me fez tremer: era um carro de passeio, mas adaptado como uma aparelhagem. Além do porta-malas totalmente tomado, havia caixas de som ao lado em cima. O resultado disso fazia tremer as paredes do hotel.
Já era noite alta quando os porcos começaram a se afastar na direção da praia, levando as cachorras para o abate. Aí eu entendi porque a água de Marudá é tão gosmenta.
O som continuou por toda a noite, toda a madrugada, sem descanso. Os carros que não conseguiam estacionar desfilavam suas caixas de som pela avenida, numa tentativa vã de chamar atenção.
No dia seguinte, a praia amanheceu repleta de lixo: eram copos plásticos, garrafas, latinhas, sacos, e provavelmente algumas, não muitas, camisinhas. Os garis da prefeitura passavam limpando a calçada, mas nem olhavam para a praia, de modo que toda aquela sujeira ia para o mar. Alguns retardatários aproveitavam o fim da madrugada para aumentar o som e beber o que restava das garrafas e latinhas, jogando os restos na água cheia.
Desci para tirar fotos e um dos bêbados comentou:
- Olha só o otário tirando foto do lixo!
Sim, eu estava tirando foto do lixo. Queria uma imagem que representasse bem o que é Marudá.
Dali para a frente, a coisa só iria piorar, a começar pelo hotel. A proprietária não queria nos dar toalhas, nem roupa de cama. Dois dias depois, quando pedi para ela mandar limpar o quarto, ela me olhou com a cara de quem acaba de ser ofendido. Tivemos que comprar um lençol e dividir a mesma toalha.
Mas isso não era o pior.
O pior viria na noite de sábado. Percebi que não haveria limite nenhum quando um motorista bêbado parou no meio da avenida Beira-mar, abriu a porta do quarto, arriou as calças e mijou ali mesmo. Em seguida ele partiu a toda, quase batendo no carro da frente e, depois, ao dar a ré, no carro de trás. Nem um único guarda apareceu.
Mal começou a tarde e começaram a surgir carros com caixas de som. Um atrás do outro. Um ao lado do outro. Cada centímetro quadrado de som era disputado por um carro com alto-falantes imensos. Curiosamente, todos tocando brega, mas nenhum com a mesma música, de modo que a uma certa distância, você conseguia distinguir apenas barulho, muito barulho. Até carrinhos de pipoca tinham caixas de som. Parecia haver um esforço conjunto para fazer barulho.
Ali por 11:30 apareceu um som tão alto que fez parecer que os outros tinham abaixado o volume. Fomos na sacada do hotel e o que vi me fez tremer: era um carro de passeio, mas adaptado como uma aparelhagem. Além do porta-malas totalmente tomado, havia caixas de som ao lado em cima. O resultado disso fazia tremer as paredes do hotel.
Já era noite alta quando os porcos começaram a se afastar na direção da praia, levando as cachorras para o abate. Aí eu entendi porque a água de Marudá é tão gosmenta.
O som continuou por toda a noite, toda a madrugada, sem descanso. Os carros que não conseguiam estacionar desfilavam suas caixas de som pela avenida, numa tentativa vã de chamar atenção.
No dia seguinte, a praia amanheceu repleta de lixo: eram copos plásticos, garrafas, latinhas, sacos, e provavelmente algumas, não muitas, camisinhas. Os garis da prefeitura passavam limpando a calçada, mas nem olhavam para a praia, de modo que toda aquela sujeira ia para o mar. Alguns retardatários aproveitavam o fim da madrugada para aumentar o som e beber o que restava das garrafas e latinhas, jogando os restos na água cheia.
Desci para tirar fotos e um dos bêbados comentou:
- Olha só o otário tirando foto do lixo!
Sim, eu estava tirando foto do lixo. Queria uma imagem que representasse bem o que é Marudá.
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