quinta-feira, abril 28, 2016

O uivo da górgona


Um som se espalha pela cidade (ou pelo estado, ou pelo país, ou pelo mundo?). Um som que ouvido transforma as pessoas em seres irracionais cujo único o objetivo são os instintos básicos de violência e fome. É o uivo da Górgona.
Acompanhe a história dos sobreviventes neste livro de terror, uma história de zumbis diferente, em que qualquer um pode se transformar, bastando para isso ouvir o terrível uivo da górgona.
Escrito em capítulos curtos, o livro transforma o suspense em elemento de fantasia, prendendo o leitor da primeira à última página. 
Pedidos: profivancarlo@gmail.com. 

quarta-feira, abril 27, 2016

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A ânsia humana por liberdade


Sobre meu texto a respeito da ditadura militar em que comparo a reação da sociedade alemã e a brasileira (aquela investiu na democracia e na liberdade, aqui investimos na ditadura, na tortura e na censura), em explico como, na verdade, a ditadura brasileira ajudou a que os ideias comunistas se difundissem, uma pessoa comentou: "E que tal se proibissem seus livros?".
Bem, vamos imaginar que amanhã Bolsonaro chega ao poder e proíbe todos os meus livros? Isso acabaria com minhas ideias? Provavelmente só provocaria ainda maior interesse por elas. Em algum momento esses livros acabariam sendo liberados e aí sim, se tornariam best selleres. Lobato, que conhecia muito bem a natureza humana, torcia para seu livro O presidente negro ser proibido nos EUA, o que certamente geraria grande interesse por ele.
Exemplo perfeito disso é a música Gospel, de Raul Seixas, proibida pela ditadura militar. Quando finalmente foi liberada, virou um grande sucesso, mesmo anos depois da morte de seu autor.
Seres humanos normais anseiam pela liberdade. É uma das necessidades humanas básicas. Querem conhecer algo que foi proibido é reflexo básico disso.
Apenas dois tipos de pessoas são contrárias à liberdade (e são exatamente esses dois tipos que defendem a ditadura militar): os psicopatas (George Orwell definiu muito bem esse tipo com a imagem de uma bota pisando um rosto humano) e as ovelhas, pessoas incapazes de tomarem suas próprias decisões, que precisam de um pai, um líder que lhes diga o que devem fazer, o que devem ler, que músicas devem escutar (são, em resumo, pessoas que têm medo da liberdade). Existe um terceiro tipo: aquelas pessoas que sabem que não vivem na liberdade, anseiam por ela, mas não a têm (é o caso, por exemplo, de um homem casado com uma esposa megera). Incapaz de conseguir sua própria liberdade, ele quer que ninguém mais a tenha.

terça-feira, abril 26, 2016

Como escrever quadrinhos



O livro Como escrever quadrinhos ensina os fundamentos básicos do roteiro a partir da experiência do premiado roteirista Gian Danton. Valor: 25 reais (frete incluso). Pedidos: profivancarlo@gmail.com.

quarta-feira, abril 20, 2016

Um bolsonarinho acredita que o homem é mau porque ele é mau

Cada um constrói suas crenças a partir de sua própria percepção de si mesmo. Um bolsonarinho acredita que o homem é mau porque ele é mau. A única razão pela qual ele não rouba, estupra e mata é porque ele tem medo. Tem medo da polícia e tem medo de Deus. É uma pessoa que precisa viver em constante estado de vigilância, pois ele sabe que se não estiver sendo vigiado, seu lado mau irá aflorar.

Bolsonaro: "Sou favorável à tortura. Só vai mudar com guerra civil, mata...

segunda-feira, abril 18, 2016

O país das jaboticabas

O Brasil é o país das jaboticabas (uma fruta que só existe no Brasil). 
Uma das jaboticabas são as leis que são criadas e não pegam. Exemplo disso é a lei de responsabilidade fiscal. Existia a lei, mas todo mundo fazia as tais pedaladas fiscais - tanto que os petistas ontem cansaram de repetir que as pedaladas não eram crime. O raciocínio é bem brasileiro: pode ser lei, mas se ninguém cumpre, é uma lei que não pegou, portanto burlá-la não é crime. 
Para se ter uma ideia, 16 governadores cometerem as pedaladas fiscais, alguns dos quais inclusive se reelegeram, como Marconi Perillo (PSDB-GO), Pezão (PMDB_RJ) e Beto Richa (PSDB-PR).
O resultado de ontem pode indicar que agora sim, a lei de responsabilidade fiscal finalmente pegou - e quem não a cumpriu cometeu crime.
Vamos esperar que todos eles sejam igualmente punidos e que isso sirva de advertência e, doravante, outros governantes pensem duas vezes antes de gastar mais do que o arrecadam ou mascararem a situação fiscal de seus governos.
Infelizmente, há um risco. O Brasil tem mais uma jaboticaba: as leis que pegam para alguns, mas não pegam para outros.

domingo, abril 17, 2016

O zen e o epicurismo


O budismo e o epicurismo surgiram em períodos relativamente próximos e há tempos tenho observado muitos pontos de contato entre essas duas filosofias, o que pode significar que em algum momento houve alguma troca cultural (Epicuro teria entrado em contato com o budismo? Posteriormente o budismo teria assimilado algo do epicurismo?). Apresento aqui alguns pontos que considero semelhantes entre eles, mas lembrando que não sou exatamente um especialista no budismo (de modo que amigos que saibam mais sobre o assunto podem complementar).
Uma das bases do epicurismo é a ideia de moderação. Devemos ser moderados em tudo que fazemos, exercitando um auto-controle como forma de conseguir a felicidade. Mesmo algo que dá prazer, como comer, deixa de ser prazeroso se a pessoa se empanturra e passa mal (e, lembrando que, para Epicuro, prazer era o oposto de dor, se algo traz sofrimento não é prazer verdadeiro). Comer o suficiente, sorvendo os alimentos, é muito mais sábio que comer como um doido, mal sentindo o gosto do alimento. O mesmo vale para todas as outras instâncias da vida. Para Epicuro devemos ser moderados em tudo que fazemos. Lembra muito o caminho do meio da filosofia budista. Antes de se tornar Buda, Sidarta viveu primeiro uma vida de luxo e abundância, como príncipe. Depois tornou-se um asceta (e dizem que nessa fase ele comia um grão de arroz por dia). Quando se iluminou, percebeu que esses dois extremos eram negativos. O certo é não comer até se empanturrar e nem passar fome. Lembra as ideias de Epicuro, não?
Epicuro dizia que boa parte da nossa infelicidade é provocada pelo medo da morte. As pessoas deixam de viver o momento por medo do que acontecerá no futuro. E é um medo sem razão: se existir vida após a morte, ainda estaremos vivos, então não há porque temer a morte. Se não existir vida após a morte, então não estaremos lá para lamentar isso e, portanto, não fará diferença. Lembra muito a ideia zen-budista de foco no presente. A ideia é que não devemos nos preocupar com o que acontecerá no futuro, mas vivermos o momento presente da melhor forma. O meditação zazen, inclusive, ajuda nisso: em manter o foco no agora.
Epicuro dizia que tudo é formado de átomos, partículas elementares das quais tudo é feito e que as diferentes formas são apenas diferentes organizações desses átomos. Um cachorro é feito da mesma substância primordial de uma pedra. A ciência moderna resumiu esse pensamento no princípio de que somos feitos de poeira das estrelas. Lembra muito a ideia budista de vazio, em que as coisas são na verdade feitas de outras coisas, não tendo uma substância, uma essência. A essência de todas as coisas é a mudança. Assim, uma mesa não é uma mesa, ela está mesa (mas antes foi uma árvore, se foi feita de madeira).  

Epicuro era um crítico das filosofias deterministas (como o estoicismo) e acreditava que não existe destino, ou seja, o ser humano é dono de seu próprio destino, sendo o único responsável por suas decisões. Lembra muito as palavra do monge Genshô: “Se houvesse destino nossas decisões estariam prejudicadas pois o que quer que fizéssemos o destino decidiria por nós, um absurdo lógico, se assim fosse nenhum criminoso seria responsável e sim o destino, nenhum ato bom teria mérito também”.

sábado, abril 16, 2016

Grafipar, a editora que saiu do eixo


O orgulho da ignorância


Sócrates dizia que era o homem mais sábio da Grécia justamente porque ele era o único que sabia que não sabia. Esse conhecimento de sua própria ignorância sempre foi o que impulsionou os grandes pensadores. Mas hoje vivemos tempos estranhos, em que não saber algo, ou saber de forma superficial, é considerado um mérito.
Hoje, alguém que viu um meme na internet ou um vídeo de cinco minutos se considera uma autoridade no assunto. Mais: considera-se uma autoridade mais competente do que quem passou a vida estudando aquele assunto, escreveu livros, artigos etc.
Um exemplo: em uma discussão sobre educação, um indivíduo defendia que a solução para a educação no Brasil era apenas mudar a "grade" curricular. Feito isso, tudo se resolvia por mágica. Segundo a pessoa, era preciso esquecer ignorar todos os pensadores da educação e se focar apenas nisso: mudar a "grade". Não sabia exatamente que tipo de mudança, mas sabia que a solução para tudo estava na mudança da "grade". Onde ele aprendera isso? Num meme.
Outro exemplo é a questão dos que defendem que o nazismo era comunista. Leandro Karnall, doutro em história e um dos mais importantes historiadores brasileiros, diz que em décadas participando de congressos internacionais, nunca ouviu falar disso. Mas, segundo os defensores do nazismo-comunista, Leandro Karnall é suspeito para falar justamente por ser um historiador.
Eu já escrevi um livro sobre o nazismo e, durante a pesquisa em vários outros livros e sites sérios na época não encontrei nenhuma referência a isso de nazismo-comunista. Mas, segundo alguns comentadores de internet eu sou suspeito para falar sobre assunto justamente por ter escrito um livro sobre o nazismo. Ou seja: o fato de eu ter pesquisado o suficiente para escrever um livro, faz com que eu tenha menos autoridade para falar sobre o assunto do que uma pessoa que viu um meme com uma imagem de uma moeda com a suástica e a foice e o martelo (uma imagem que ninguém sabe dizer a fonte) ou viu um vídeo de dois minutos.
Por outro lado, os tais "especialistas de meme" são incapazes de explicar, por exemplo, por que os nazistas usavam um símbolo budista sem serem budistas.
Tristes tempos em que ser ignorante virou motivo de orgulho.

quarta-feira, abril 13, 2016

Por que o formatinho era bom


Hoje em dia é praticamente um consenso entre os fãs de quadrinhos o ódio ao chamado formatinho. É quase impossível encontrar quem os defenda.
Eu sou um desses poucos moicanos.
Para começar, por uma questão econômica. Quem acha que hoje as coisas estão ruins não viveu os anos 1980. Naquela época, lançar quadrinhos em formatos maiores, em edições mais luxuosas, era impensável por uma razão muito simples: o povo simplesmente não tinha dinheiro para comprar. Além disso, havia uma quantidade enorme de crianças e jovens lendo quadrinhos - que só podiam consumir se as revistas fossem baratas.
Associada à essa questão financeira, havia outra. Como as revistas eram mix (geralmente juntando quatro ou cinco revistas americanas), se uma história não fosse boa, o leitor já estava no lucro. Se, por exemplo, a revista custava 5 reais, tinha 5 histórias, e uma não fosse boa, quatro reais ali tinham sido muito bem investidos.
Hoje em dia as revistas são caras e têm menos histórias. Uma revista de 10 reais com duas histórias, se uma das histórias não for boa, já é um bom prejuízo.
Outra questão é a economia de espaço. Formatinhos ocupam, na estante, metade do espaço de uma revista em formato americano. Para quem tem que ficar achando local onde colocar suas revistas, o formatinho vem bem a calhar.
E, finalmente, os formatinhos não eliminavam formatos diferenciados.
No final dos anos 1980 surgiram as graphic novels e minisséries. Tamanho maior, papel couchê, preço mais alto, mas principalmente uma qualidade de roteiro e desenhos superior. Histórias normais saíam em formatinho, papel jornal. Histórias melhores saíam em formato graphic novel. Então você podia comprar o formatinho, por um preço baixo, e guardar dinheiro para comprar uma graphic novel por mês.
Hoje em dia, tudo é tratado como se fosse graphic novel. Qualquer história mequetrefe tem tratamento gráfico e preço de graphic novel.

segunda-feira, abril 11, 2016

A falta de preparo para ler pesquisas

A matéria da Folha de São Paulo sobre a corrida eleitoral mostra o despreparo do jornalismo atual, em especial quando o tema são pesquisas de opiniões. Culpa ou da falta da disciplina Estatística ou dessa disciplina ministrada apenas como cálculo, como se jornalista precisasse fazer algum cálculo estatístico.
Jornalista precisa saber ler pesquisa - e é para isso que deveria servir a disciplina Estatística.
O texto simplesmente repete o que está nos gráficos e não reflete sobre eles. Lendo o texto, pode-se achar que Lula teria alguma chance na corrida eleitoral (afinal, ele está à frente dos outros).
Ocorre que, mesmo Lula estando à frente dos outros, a rejeição dele é de 53%. OU SEJA: 53% do eleitorado não votaria nele de jeito nenhum. Impossível ganhar uma eleição quando se tem uma rejeição tão grande (de mais da metade do eleitorado). Marina, por outro lado, tem uma rejeição de apenas 20%. Isso significa que ela ainda pode crescer muito, conquistando os indecisos e até eleitores de outros candidatos.
Por outro lado, o candidato X tem apenas 8% das intenções de votos, mas se, digamos, tiver uma rejeição de apenas 10% do eleitorado, pode crescer à vontade, chegando mesmo a vencer a eleição (a matéria, infelizmente omite esse dado sobre candidato x, de modo que ficamos sem ter a menor noção de como ele de fato se sairia numa corrida eleitoral). Já cansei de ver candidatos começarem com menos de 10% das intenções de votos e ganharem a eleição - graças à rejeição dos outros.
Em qualquer eleição, a rejeição é mais importante que a intenção de votos. Mas parece que os jornalistas esqueceram - ou não aprenderam isso.

REUNIÃO DE EMERGÊNCIA 3, A DELAÇÃO 2



Não vai demorar muito, este vídeo vai aparecer nas páginas de bolsonarinhos como prova de que eles são mesmo comprados. Bolsonarinhos são incapazes de entender uma ironia.

terça-feira, abril 05, 2016

Sua noiva fala Bolsomito?

- Minha noiva fala Bolsomito. O que eu faço? 
- Pergunta para ela se ela quer passar a Lua-de-mel em Paris ou Myamar.

sábado, abril 02, 2016

O Capitão Gralha


Em meados da década de 1940 surgiu nas bancas de Curitiba o que talvez seja o primeiro super-herói brasileiro. Criado por Francisco Iwerten e usando um bigodinho característico, asas e camisa gola polo, o Capitão Gralha foi esquecido e redescoberto, marcando para sempre os quadrinhos nacionais.
O super-herói surgiu após uma viagem aos EUA. Em plena II Guerra Mundial, os americanos temiam que o Brasil se aliasse ao Eixo e iniciaram a politica de boa-vizinhança, que tinha como objetivo estreitar as relações dos Estados Unidos com os países vizinhos. Assim, artistas viajaram para o Brasil, a exemplo de Disney e Orson Welles, e brasileiros foram levados a conhecer a terra de Tio Sam, a exemplo de Érico Veríssimo.
Mas os americanos queriam alguém ligado aos quadrinhos, já que as histórias em quadrinhos estavam tendo papel fundamental na propaganda de guerra (a maioria dos heróis dos gibis se engajaram na guerra, a exemplo do Capitão América, que aparecia socando Hitler na capa de seu primeiro gibi).
O escolhido acabou sendo Francisco Iwerten especialmente por conta de sua história familiar. Ele fugira da Alemanha nazista ainda criança e fora adotado por um casal de tios, em Curitiba.
Iwerten ficou maravilhado com o sucesso dos quadrinhos de super-heróis e mais ainda ao conhecer o estúdio de Bob Kane, que seria para sempre seu modelo a ser seguido. Ele decidira que o Brasil também teria seu herói!
O personagem foi criado na viagem de volta e foi de uma versão inicial que lembrava o herói mitológico Ícaro à ficção científica. Também surgiu uma curiosa galeria de vilões capitaneada pelo Dr. Destruição, um maníaco fascinado pela letra D, que falava apenas usando palavras iniciadas por essa letra.
Apesar de um sucesso mediano no começo, a revista foi diminuindo suas vendas até ser cancelada. Iwerten passou a publicá-la então num esquema alternativo, com baixas tiragens e acabou gastando todo o dinheiro da herança com isso. Morreu pobre, desconhecido e os montes e gibis que lotavam sua casa foram queimados.
Essa é a história que foi resgatada na revista Metal Pesado Curitiba, em 1997, por um grupo de quadrinistas curitibanos. Num texto inicial, explicava-se que o personagem O Gralha era uma releitura e homenagem ao Capitão Gralha.
A partir daí o quadrinista e seu herói foram redescobertos, surgiram artigos em jornais, revistas, Iwerten ganhou prêmio e quase foi tema de escola de samba.
Em 2015, os criadores do Gralha vieram a público revelar a verdade: Iwerten nunca existira. Ele seu herói haviam sido criados para promover e dar um passado célebre para o personagem O Gralha. 
Em 2016 foi lançado o álbum As histórias perdidas do Capitão Gralha, que "resgatam" as histórias clássicas do personagem. 
Para alguém que não existia de fato, Francisco Iwerten se tornou bastante célebre.

Como adquirir O uivo da górgona