Existem três possibilidades de criar oportunidade de mercado, tanto para produtos como para
serviços: 1) fornecer algo escasso; 2) fornecer, de maneira nova ou melhorada,
um produto ou serviço que já existe; 3) oferecer um novo produto ou serviço.
Fornecer algo escasso é a situação mais simples,
que exige pouco talento, apenas esperteza. As empresas como McDonald’s e Nike,
que entraram no mercado de países recém-saídos do comunismo, fizeram isso.
Antes, quando toda a produção era centralizada pelo Estado, as pessoas passavam
horas na fila para comer um lanche ou comprar um par de tênis. Assim, quando
essas empresas se instalaram nesses lugares, conseguiram lucros rápidos e
fáceis.
Fornecer de maneira nova ou melhorada um produto
ou serviço já existentes exige uma análise detalhada de mercado. É necessário
ouvir o cliente para saber em que ponto ele está insatisfeito com o bem ou
serviço atual. A percepção de que o cliente, dono de carro, não queria ficar
preso ao álcool, mas gostaria de ter a possibilidade de economizar quando a gasolina
estivesse muito alta, fez com que fosse criado o carro flex, que funciona tanto
com álcool quanto com gasolina, ou com os dois misturados.
A percepção de que os consumidores jovens não
estavam interessados em luxo, mas queriam viajar gastando pouco, fez com que a
Gol apresentasse um novo modelo na aviação brasileira: o baixo preço, baixo
custo. Na época em que a empresa surgiu, falava-se que seria um fiasco, pois o
mercado era dominado por duas grandes concorrentes: a Varig e a TAM. No
entanto, o modelo Gol deu tão certo que não só conquistou os jovens, como
também as pessoas que não estavam acostumadas a viajar de avião, que achavam
que “era coisa de rico”.
A Coca-Cola percebeu que havia uma grande
quantidade de pessoas fanáticas por Coca, mas que não queriam engordar. Lançou,
assim, a Coca Light e a Zero, um produto com gosto igual (ou quase), mas sem
calorias. O resultado é um grande sucesso.
Quando a batata Pringles surgiu, já existiam
outras similares, mas todas quebravam e ficavam moles depois que a embalagem
era aberta. A melhoria apresentada por essa batata a fez conquistar mercado,
mesmo com o alto preço.
Fornecer produtos novos é o mais difícil, porque o
consumidor não sabe que precisa de algo que ainda não conhece. Se perguntado,
nenhum cliente diria que gostaria de ter um iPhone ou um walkman ou um mp3 ou
um celular, antes que esses produtos existissem.
Pesquisas de mercado podem ajudar, mas exigem uma
leitura inteligente. Um exemplo: sabia-se que os leitores da Turma da Mônica
estavam envelhecendo e sabia-se que os mangás (os quadrinhos japoneses) estavam
fazendo cada vez mais sucesso. Numa leitura inteligente das tendências de
mercado, a Maurício de Souza Produções lançou a Turma da Mônica Jovem, uma
História em Quadrinhos (HQ) no estilo mangá, o maior sucesso do mercado
editorial nos últimos anos, tendo chegado a vender um milhão e meio de
exemplares por mês.
Se as pesquisas de mercado, por si só, não
permitem identificar oportunidades para produtos novos, como fazer?
Uma das formas é manter aberto um canal para
sugestões de novos produtos. Funcionários, por exemplo, por lidarem diretamente
com clientes e com o produto, podem perceber oportunidades de inovação mesmo
nos erros. Exemplo disso foi o Post-it, que
surgiu de um produto que tinha dado errado (uma cola que descolava com muita
facilidade) e foi inventado por um funcionário.
Existem empresas que têm programas de incentivo a
novas ideias. A Todeschini, considerada pela revista Exame
uma das melhores empresas para trabalhar no Brasil, premia novas ideias que são
colocadas em prática com uma moeda própria, a Libra Sisterlina. Esse dinheiro
fictício pode ser convertido em reais e sua cotação está atrelada às metas
atingidas. Ou seja, quanto mais metas são atingidas maior a cotação.
Walt Disney pagava por cada boa ideia de gag
humorística que seus desenhistas tivessem.
Outra forma é estabelecer um canal por meio do
qual os clientes possam enviar sugestões. Os bons SAC (Serviço de Atendimento
ao Cliente) costumam ser ótimas fontes de ideias para novos produtos.
Outra forma de encontrar novas soluções é o
chamado modelo de revolução estratégica. Exemplo desse modelo foi o que
aconteceu com a GE. O diretor-presidente da empresa, Jack
Welch, solicitou a cada divisão da GE que encontrasse uma ou duas ideias
revolucionárias que elevassem significativamente tanto o desempenho da empresa
quanto suas vendas e lucros. Ele não queria melhorias, queria um raciocínio
revolucionário.
Os gerentes, normalmente acostumados a fazer as
coisas sempre da mesma maneira, tiveram que se reunir e encontrar soluções que
permitissem a descoberta de novos clientes ou segmentos, novos produtos, novas
características para produtos já existentes e novas estratégias de vendas.
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