Nos últimos anos, a
pesquisa quantitativa vem sofrendo diversas críticas (ver 5.2.4). A
cibernética, por exemplo, argumenta que a sociedade é um demônio maniqueu, que
muda de estratégia de acordo com as informações que recebe, sendo, portanto,
impossível matematizar o homem, explicá-lo a partir de números.
As pesquisas qualitativas
estão ganhando importância até em campos dominados pelo
positivismo/funcionalismo, como as pesquisas eleitorais.
TÉCNICAS QUALITATIVAS
OBSERVAÇÃO
PARTICIPANTE
É obtida através do
contato direto do pesquisador com o fenômeno observado. Procura compreender o
sentido que os atores atribuem aos fatos.
Exemplos de observação
participante podem ser encontradas nos livros de Carlos Castañeda, em especial
A Erva do Diabo. Outros exemplos são as pesquisas do antropólogo Clifford
Geertz. Em uma pesquisa em Bali, ele era completamente ignorado pelos nativos.
Um dia descobriu que um dos eventos mais concorridos do local eram as brigas de
galo e foi ver. No meio da briga, a polícia apareceu. Geertz poderia ter explicado
que era só um pesquisador e que não tinha nada a ver com aquilo, mas, ao
contrário, preferiu fugir junto com os outros. A partir daí, ele, que era um
“fantasma” passou a ser respeitado pelos nativos e conseguiu conhecer melhor os
códigos e valores dos balineses.
OBSERVAÇÃO
NÃO-SISTEMÁTICA
Nesse tipo de técnica, o autor observa um fenômeno sem participar
dele, mas não sabe exatamente o que irá encontrar. Ao final da observação,
deve-se fazer um relatório do que viu que se relaciona com o tema da pesquisa.
A observação não-sistemática surge justamente da necessidade de se pesquisar
fenômenos cujos resultados são difíceis de se prever.
Um
exemplo de observação não-sistemática foi orientado pelo autor em uma pesquisa
sobre critérios de escolha de notícias no jornalismo amapaense. Os
pesquisadores ficavam em redações de jornais na hora do fechamento observando
as relações entre jornalistas e editores e quais critérios ambos usavam na
escolha do que entraria e o que não entraria na edição. Muito do que foi
observado fugia à expectativa do grupo de estudo e, portanto, não se
enquadraria em uma observação sistemática.
ENTREVISTA NÃO-DIRETIVA
Esse instrumento de
pesquisa foi criado pelo psicólogo Carl Rogers. Parte do princípio de que o
informante é capaz de se exprimir com clareza.
O entrevistador deve se
manter apenas escutando, anotando e interagindo com breves perguntas.
Exemplo de entrevista não
diretiva é o livro Santarém Conta, coordenada pelos Professores Maria do
Socorro Simões e Christophe Golder (UFPa).
ANÁLISE DE CONTEÚDO
Tem como objetivo analisar
o documento. Pode ser feita uma classificação do texto, uma análise semiótica
ou uma análise informacional.
Ex: análise de um software
educacional.
ESTUDO DE CASO
O estudo de caso parte de
uma lógica dedutiva. O caso é tomado como unidade significativa do todo.
Três fases
1 - Seleção e delimitação
do caso
O uso do software João
Teimoso na escola Tabotão da Serra.
2 – Trabalho de campo
Coleta de informações:
diários de classe, depoimentos de professores, gravações (as crianças usando o
software).
3 – Organização e redação
do relatório
O estudo de caso pode
incluir várias outras técnicas: entrevista (diretiva e não diretiva), análise
de conteúdo, observação (sistemática ou participante), questionário...
HISTÓRIA DE VIDA
Técnica
muito utilizada pela chamada Escola de Chicago, no início do século XX. Segundo
Chizzotti (1991, p. 95), “A história é um instrumento de pesquisa que
privelegia a coleta de informações contidas na vida pessoal de um ou vários
informantes”. A história de vida pode ser caracterizada pelas memórias e
biografias de homens célebres, mas também pode valorizar a oralidade, as vidas
ocultas e o testemunho vivo de fatos históricos e sociais.
PESQUISA-AÇÃO
A
pesquisa-ação pretende não só estudar uma realidade, mas também fazer uma
intervenção psicosociológica nessa mesma realidade. É utilizada em pesquisas
sociais, psicológicas e organizacionais.
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