sexta-feira, fevereiro 10, 2017

Pesquisa qualitativa

Nos últimos anos, a pesquisa quantitativa vem sofrendo diversas críticas (ver 5.2.4). A cibernética, por exemplo, argumenta que a sociedade é um demônio maniqueu, que muda de estratégia de acordo com as informações que recebe, sendo, portanto, impossível matematizar o homem, explicá-lo a partir de números.

As pesquisas qualitativas estão ganhando importância até em campos dominados pelo positivismo/funcionalismo, como as pesquisas eleitorais.

 

TÉCNICAS QUALITATIVAS

 

OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE

É obtida através do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado. Procura compreender o sentido que os atores atribuem aos fatos.

Exemplos de observação participante podem ser encontradas nos livros de Carlos Castañeda, em especial A Erva do Diabo. Outros exemplos são as pesquisas do antropólogo Clifford Geertz. Em uma pesquisa em Bali, ele era completamente ignorado pelos nativos. Um dia descobriu que um dos eventos mais concorridos do local eram as brigas de galo e foi ver. No meio da briga, a polícia apareceu. Geertz poderia ter explicado que era só um pesquisador e que não tinha nada a ver com aquilo, mas, ao contrário, preferiu fugir junto com os outros. A partir daí, ele, que era um “fantasma” passou a ser respeitado pelos nativos e conseguiu conhecer melhor os códigos e valores dos balineses.

OBSERVAÇÃO NÃO-SISTEMÁTICA
         Nesse tipo de técnica, o autor observa um fenômeno sem participar dele, mas não sabe exatamente o que irá encontrar. Ao final da observação, deve-se fazer um relatório do que viu que se relaciona com o tema da pesquisa. A observação não-sistemática surge justamente da necessidade de se pesquisar fenômenos cujos resultados são difíceis de se prever.
         Um exemplo de observação não-sistemática foi orientado pelo autor em uma pesquisa sobre critérios de escolha de notícias no jornalismo amapaense. Os pesquisadores ficavam em redações de jornais na hora do fechamento observando as relações entre jornalistas e editores e quais critérios ambos usavam na escolha do que entraria e o que não entraria na edição. Muito do que foi observado fugia à expectativa do grupo de estudo e, portanto, não se enquadraria em uma observação sistemática. 

 

 

 

 

ENTREVISTA NÃO-DIRETIVA

Esse instrumento de pesquisa foi criado pelo psicólogo Carl Rogers. Parte do princípio de que o informante é capaz de se exprimir com clareza.

O entrevistador deve se manter apenas escutando, anotando e interagindo com breves perguntas.

Exemplo de entrevista não diretiva é o livro Santarém Conta, coordenada pelos Professores Maria do Socorro Simões e Christophe Golder (UFPa).

 

ANÁLISE DE CONTEÚDO

Tem como objetivo analisar o documento. Pode ser feita uma classificação do texto, uma análise semiótica ou uma análise informacional.

Ex: análise de um software educacional.

 

ESTUDO DE CASO

O estudo de caso parte de uma lógica dedutiva. O caso é tomado como unidade significativa do todo.

Três fases                      

1 - Seleção e delimitação do caso

O uso do software João Teimoso na escola Tabotão da Serra.

2 – Trabalho de campo

Coleta de informações: diários de classe, depoimentos de professores, gravações (as crianças usando o software).

3 – Organização e redação do relatório

 

O estudo de caso pode incluir várias outras técnicas: entrevista (diretiva e não diretiva), análise de conteúdo, observação (sistemática ou participante), questionário...

 

 

HISTÓRIA DE VIDA

         Técnica muito utilizada pela chamada Escola de Chicago, no início do século XX. Segundo Chizzotti (1991, p. 95), “A história é um instrumento de pesquisa que privelegia a coleta de informações contidas na vida pessoal de um ou vários informantes”. A história de vida pode ser caracterizada pelas memórias e biografias de homens célebres, mas também pode valorizar a oralidade, as vidas ocultas e o testemunho vivo de fatos históricos e sociais.

PESQUISA-AÇÃO


         A pesquisa-ação pretende não só estudar uma realidade, mas também fazer uma intervenção psicosociológica nessa mesma realidade. É utilizada em pesquisas sociais, psicológicas e organizacionais.

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