quinta-feira, março 30, 2017

O uivo da górgona - parte 24


24
Edgar manobrou e colocou o carro ao lado da bomba vazia.
- Eu encho o tanque. - disse. Vá lá e desligue a outra mangueira. Vamos torcer para tudo dar certo. Se aquelas coisas voltarem a aparecer, não temos onde nos esconder.
- Ok.
O professor contornou o carro, tirou a tampa do tanque e a colocou sobre o carro. Ao pegar a mangueira sentiu-se perdido. Tinha visto os frentistas usando aquele aparelho centenas de vezes, mas agora sua cabeça parecia ter sido tomada por um branco. Ficou lá, parado, olhando para ela, incapaz de agir.
Foi quando ouviu alguém gritando.
- Olá! Não vão embora! Não sou um deles! – gritava o jovem, correndo na direção do carro. Usava uma calça jeans rasgada, uma camiseta branca e tênis All Star. Nas costas levava uma surrada mochila preta.
- Mas, que idiota! – rosnou Jonas. Esses gritos vão chamar aquelas coisas! Apresse isso!
Edgar pareceu despertar de um transe e finalmente colocou o bocal no tanque e apertou-o, deixando sair gasolina.
O rapaz parou entre ele e Jonas e se inclinou, colocando as mãos sobre os joelhos, ofegante:
- Ah, eu estou fora de forma!
Depois olhou para os dois homens, que pareciam não percebê-lo. Olhavam à volta, preocupados.
- Caras, desculpe ter assustado vocês. Mas são as primeiras pessoas normais que encontro e...
Jonas cortou-o:
- Depois você conta a história de sua vida. Agora entra no carro! Edgar, eles estão vindo!
Edgar olhou na direção que o outro apontava. A mangueira de combustível pulsava em sua mão. Lá longe um grupo compacto se aproximava. Era uma multidão ainda maior do que a que vira antes. Não corriam, mas não demorariam para alcançá-los.
Dentro do carro, Sofia olhou-o, os olhos aflitos.
- Precisamos ir. – avisou Jonas.
- O tanque estava vazio. Coloquei pouca gasolina...
- Se eles nos alcançarem, isso não vai fazer diferença!
- Entre no carro, vou tentar colocar um pouco mais.

Jonas entrou. Lá dentro, o rapaz e a menina dividiam a atenção entre o professor manipulando a mangueira de gasolina e a horda que se aproximava. 

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