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O carro manobrou para o
estacionamento de um conjunto residencial. Pareciam estar entrando em um
cenário de guerra. Havia pedaços de móveis, televisões e até um fogão caídos
por ali.
- Acho que eles gostam de ver a
destruição. – comentou Jonas.
Edgar fez que sim com a cabeça. A
menina indicara que o apartamento em que morava ficava no quarto andar. O
elevador provavelmente não devia estar funcionando e, mesmo se estivesse, seria
arriscado pegá-lo.
Um pensamento atravessou rápido
sua mente: e se o prédio ainda estivesse cheio daquelas coisas?
- Sabe, eu não suporto som alto. –
disse Alan quando entraram no prédio. Eu moro com mais dois amigos da faculdade
e durmo com tampões no ouvido. Também fiz um isolamento acústico improvisado,
com caixas de ovos, no meu quarto.
Estavam entrando no prédio. Edgar ia
à frente, a garotinha segurando em sua mão. Gostaria de ter algo na outra mão,
talvez um porrete, para não se sentir tão desprotegido. Depois dele vinha Jonas
e lá atrás o garoto, falando e falando e falando.
- Quando eu acordei de manhã, a
casa tinha virado um inferno. Eu pensei: cara, o que esses caras tomaram ontem
à noite? Então saí e vi que não tinha ninguém na rua...
- Quieto! – ordenou Jonas, o dedo
na boca, em sinal de silêncio.
Era uma situação delicada. Não
havia nenhum zumbi na entrada, mas teriam que subir as escadas e poderiam ficar
encurralados ali.
- Silêncio agora! – ordenou Jonas.
Vamos subir. Ao menor sinal de perigo, voltamos correndo. Vamos torcer para que
caso eles apareçam, venham só de cima. Se vierem de cima e de baixo, estaremos
em uma armadilha. Tentem não fazer barulho.
Edgar e Alan fizeram que sim com a
cabeça. Então começaram a subir. O silêncio era total, quebrado apenas pelos
estalar dos passos no piso de concreto. Edgar sentiu que a mão da menina estava
molhada de suor. Não era calor. Era medo.
Não havia nada no andar de cima ou
no seguinte. Mesmo assim, Edgar estava apreensivo. Finalmente chegaram ao andar
certo. A menina indicou com um gesto seu apartamento. Como fizera da outra vez,
Edgar aproximou o ouvido da porta, atento. Nada, silêncio total e absoluto.
Então, algo o assustou. Olhou para Jonas e este respondeu com um olhar
indicativo. Foi quando compreendeu. O barulho vinha de baixo, dos andares
inferiores. Um ou mais zumbis estava subindo.
Não havia alternativa. Era
arriscado abrir a porta e entrar no apartamento sem terem certeza de que estava
tudo livre, mas era a única coisa que podiam fazer no momento.
A porta estava arrombada, o
compensado quebrado à altura da fechadura, mas fechada. Bastou um leve toque
para que se abrisse.
- Caramba! – exclamou Alan.
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