quinta-feira, abril 20, 2017

O uivo da górgona - parte 40


40
- Estão cada vez mais próximos! – avisou Jonas.
- Melhor ir embora. Não é seguro aqui. – pediu Alan.
Edgar olhou no relógio. Tinha prometido quinze minutos para Zu e, apesar do perigo, queria cumprir a promessa.
- Entrem no carro. Vou esperar de motor ligado.
O professor ligou a chave e olhou novamente o relógio. O urro dos zumbis estava cada vez mais próximo.
Faziam exatamente quatorze minutos do prazo quando Zulmira apareceu na esquina. Segurava a galinha nos braços e corria, desesperadamente. Assustada, Pimpinela cacarejava, mas era impossível ouvi-la, tamanha era a balbúrdia da horda.
- Ela não vai conseguir. Estão perto demais! – avisou Alan, lá atrás.
Edgar engatou a primeira e saiu com o carro.
- Você vai....? – perguntou Jonas, ao seu lado.
- Vou resgatá-la. Preparem-se para abrir a porta de trás.
Ao contrário do que se esperava, o carro foi na direção da horda. Passou por Zulmira e fez a volta. Alan abriu a porta.
- Entre! – gritou Edgar.
Zu entrou e a menina ao seu lado abriu um sorriso de felicidade.
Mas esse pequeno espaço de tempo foi suficiente para que a multidão se aglomerasse ao redor deles.

Edgar engatou a primeira e tentou sair. Mas não conseguiu. A multidão aglomerara-se à frente do carro, como uma verdadeira parede humana.
- Pisa fundo! – pediu Jonas.
- Estou no máximo!
Os zumbis gritavam e batiam na lataria do carro. Um deles acertou a janela com tanta força que ela se estilhaçou em mil pedaços. A força usada fora enorme e provavelmente quebrou sua mão, mas ele parecia não se importar. Com a outra mão tentou agarrar Sofia.
Em desespero, Edgar engatou a ré e acelerou. Felizmente, a barreira atrás do carro era menos compacta e isso lhe deu algum espaço para manobrar. A roda traseira pareceu passar sobre algo e ouviu-se um gemido molhado. A manobra deu certo e agora havia menos pessoas na frente.
Edgar acelerou.
O carro guinchou, suas rodas patinando loucas contra o asfalto, mas enfim se livrou da multidão. Edgar aumentou a velocidade e, viu, aliviado, os zumbis lá atrás, se afastando. A experiência anterior tinha lhe ensinando a não seguir em frente para evitar que a horda os seguisse, então virou à direita e depois à esquerda.
- Todo mundo bem? – disse, olhando pelo retrovisor.
Havia vidro quebrado espalhado pelo banco e Alan, Zulmira e Sofia tinham olhares assustados. A galinha se aninhara no braço da dona, e tremia. Fora isso, pareciam bem. Ao menos, não havia nenhum ferimento aparente.
- Ei, camarada, veja isso. – disse Jonas.

Edgar olhou para a frente e por um momento seu coração acelerou. 

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