O mais famoso espião nazista era conhecido pelo codinome de Cícero, alcunha do turco Elyesa Bazna,
criado doméstico do embaixador inglês na Turquia Sir Hughe Knachbull-Hugessen.
Quando o embaixador dormia, muitas vezes embriagado, ele
entrava em seu quarto e mexia em sua pasta, fotografando documentos sigilosos
dos ingleses sobre a guerra.
Seu verdadeiro patrão era o vienense Moyzisch, adido
comercial junto à Embaixada alemã, dirigida por Von Papen, mas na verdade
Coronel da Gestapo ou da SS.
Cícero aproximou-se do coronel nazista graças ao seu
fraco por mulheres. Baixo e feio, ele precisava de dinheiro para sustentar suas
amantes. Assim, ele repassava de dia para Moyzisch muitos dos segredos de
guerra fotografados durante a noite em troca de 300 mil libras esterlinas.
Sua perdição foi seu gosto por mulheres. Um dia, ao
encontrar-ser com o coronel nazista, viu ao seu lado a secretária, um bela
moça, Cornélia Kapp. Não resistiu e passou longo tempo conversando com ela.
Para impresioná-la contou que era o famoso espião nazista. Não sabia que a
jovem era uma espiã a serviço do secreto norte-americano.
Depois de uma discussão com Moyzisch, a jovem Cornélia
fugiu, indo se refugir entre os norte-americanos e revelando o segredo sobre a
identidade de Cícero. Alertado, Elyesa pediu demissão e fugiu, levando consigo
as 300 mil libras esterlinas.
Começou a vender carros usados e depois tornou-se
empreiteiro, construindo na Turquia um luxuoso hotel, no estilo Hilton.
Mas se Cícero foi o mais famoso espião nazista, foi
também o mais enganado. Acontece que Moyzisch o havia pago com libras falsas.
Esse dinheiro fazia parte de um plano nazista para
derrubar a moeda inglesa, injetando moedas falsas em países neutros, como a
Turquia. Depois desistiram da idéia e usaram esse dinheiro para pagar o espião.
Os ingleses rastrearam o dinheiro de pagador em pagador e
finalmente chegaram a Cícero, que ficou sem um tostão e ainda teve de aturar a
desilusão de ver sua amante grega ir embora.
Essa foi apenas a primeira vez que Cícero foi enganado
por Moyzisch. Pouco tempo depois, o coronel escreveu e publicou um livro
intitulado Operação Cícero, de enorme sucesso. Elyesa Bazna não levou um
tostão. Depois o livro foi transformado em filme e o espião procurou o diretor,
que o expulsou achando que se tratava de um louco.
Em 1968 Cícero apresentou-se em um programa de televisão
dizendo-se paupérrimo e reclamando do governo alemão 250 milhões de marcos por
serviços prestados durante a guerra. Não recebeu um tostão.
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