Embora
já começassem a chamar a atenção desde o início da nova fase, os X-men só se
tornaram um sucesso estrondoso a partir da saga de Protheus.
Protheus
era um mutante extremamente poderoso, capaz de manipular a realidade. Mas tinha
um defeito: para viver, precisava possuir corpos de pessoas, que não sobreviviam
muito tempo. Essa necessidade constante de corpos criaria uma verdadeira
carnificina por onde ele passava.
A
trama mostrava que a série era revolucionária e estava anos luz à frente da
maioria dos quadrinhos publicados na época.
Para
começar, havia a violência. Protheus era um vilão de verdade, que matava
pessoas friamente e representava um perigo real para a humanidade. A relação
dele com o pai, de amor e ódio, mostrava um aspecto psicológico avançado para
os gibis de super-heróis. Até mesmo seu poder de alterar a realidade, era algo
novo nos quadrinhos.
Diante
de um inimigo tão perigoso, só restou uma opção aos X-men: matá-lo usando
contra ele sua única fraqueza: o metal.
Na
década de 1970, super-heróis não matavam, sob circunstância nenhuma, mas a
revista dos X-men estava mudando padrões.
A
saga seguinte cairia como uma bomba nos gibis de super-heróis e seria a grande
responsável pela popularidade do título nos anos seguintes.
Os
autores resolveram trazer a Fênix de novo, mas como lidar com uma personagem
que tinha poderes muito maiores do que os dos outros membros? Simples:
transformando-a em uma vilã!
A
Saga da Fênix mostrava a personagem tendo flashbacks do que parecia ser uma
encarnação passada dela, em que ela participava do Clube do Inferno, sendo
esposa de um dos seus líderes, Jason Wyngarde. Na verdade, tratava-se de uma
trama de um antigo inimigo dos X-men, o Mestre Mental, que pretendia dominar a
heroína para usar seus poderes em interesse próprio.
A
revista começou a chamar a atenção dos chefões de Marvel e a equipe acabou
sofrendo duas interferências editoriais.
A primeira delas é que a Mansão X deveria justificar o nome de Escola
para Jovens Superdotados do Professor Xavier e, portanto, deveria ter pelo
menos um aluno. A segunda é que a revista deveria ser usada como trampolim para
o lançamento de uma personagem baseada na dance music, Cristal.
Claremont
e Byrne fizeram Xavier voltar à equipe e pedir para seus pupilos contatarem
duas novas mutantes. Uma delas era Cristal, a outra era uma jovem chamada Kitty
Pryde que tinha poderes de atravessar a matéria.
Kitty
Pride acabou sendo um achado, pois providenciou uma identificação com o público
jovem. Além disso, ela foi a primeira heroína declaradamente judia dos
quadrinhos.
Em
busca das duas novas mutantes, os X-men acabam tendo de enfrentar o Clube do
Inferno e uma nova vilã, a Rainha Branca. Essa personagem fez grande sucesso
com os leitores. Era loira, linda, e só usava roupas fetichistas.
Os
heróis conseguem derrotar os oponentes e decidem entrar na sede do Clube do
Inferno para descobrir porque estavam sendo caçados. Ao entrarem na sede do
clube, acabam sendo derrotados depois que o Mestre Mental toma o controle da
Fênix, que passa a se chamar Rainha Negra.
Um
único mutante sobrevive: Wolverine, e a ele resta a missão de libertar os
companheiros. As sequências em que ele anda pelos esgotos, derrotando os
inimigos é seu ponto máximo. A partir dali, ele se tornaria o herói mais
popular dos X-men e um dos mais populares dos gibis de super-heróis.
Wolverine
consegue libertar os amigos e Fênix, liberada do domínio do Mestre Mental,
vinga-se do Clube do Inferno. Mas a saga estava apenas chegando ao seu ápice.
Na sequência, Jean Grey perde o controle e transforma-se na Fênix Negra.
A
nova criatura derrotou facilmente os X-men e foi para o espaço alimentar-se.
Sua fome de poder era tão grande que ela sugaria a energia de uma estrela.
Byrne achou que devorar uma estrela não teria tanto impacto se nas proximidades
não tivesse um planeta habitado. Assim, ele retratou um planeta seres
inteligentes sendo destruído no processo.
A
idéia dos autores para a continuação dessa trama era simples: Fênix voltava
para a Terra, derrotava os X-men, mas o Professor Xavier, com a ajuda do lado
bom de Jean, acabaria afastando a Fênix Negra e reduzindo os poderes da heroína
aos níveis de quando ela se chamava Garota Marvel. Em seguida, a imperatriz
Lilandra, do Império Shiar, aparecia e levava os X-men para a Lua, onde eles
deveriam combater a Guarda Imperial. Com a vitória da Guarda, Jean passaria por
um processo no qual perderia todos os seus poderes e sairia do grupo. Com isso,
o problema dos super-poderes da Fênix (que dificultava a elaboração dos
roteiros) seria definitivamente resolvido.
Acontece
que nesse período a edição que mostrava a Fênix destruindo um planeta habitado
caiu nas mãos do editor-chefe da Marvel, Jim Shooter e esse ficou horrorizado.
Para ele, não havia a opção final feliz. A personagem tinha que sofrer. Ele
exigiu que a personagem fosse enclausurada num asteróide, onde seria torturada
por toda a eternidade. Claremont e Byrne, ao ouvir essa exigência, disseram:
Por que não a matamos de uma vez? E foi isso que fizeram. A edição, que já
estava pronta, foi retrabalhada para que a Fênix acabasse se suicidando para
evitar se transformar novamente na Fênix Negra.
A
morte da personagem causou uma comoção sem tamanho entre os fãs. Nunca tinha
acontecido de uma personagem importante, em plena ascensão, morrer nos gibis de
super-heróis. A edição com a morte esgotou rapidamente e, a partir daí o título
começaria seu caminho para se tornar o mais vendido do mercado.
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