Em
1988, Alan Moore já era um roteirista famoso. Já tinha transformado o título do
Monstro do Pântano num dos mais premiados dos quadrinhos norte-americanos e
feito Watchmen, que revolucionaria o gênero super-heróis. Mas nunca tinha
trabalhado com outra estrela britânica: o desenhista Brian Bolland.
Inicialmente, eles pensaram num encontro do Batman com o Juiz Dredd, personagem
que tornou Bolland famoso. Quando essa proposta fracassou, Moore perguntou ao
desenhista o que ele queria fazer. A resposta foi: “O Coringa, por favor!”.
Assim
nasceu a graphic novel A piada mortal, uma história avassaladora, ganhadora de
diversos prêmios, que serviu de base até para as versões cinematográficas do
Batman.
A
história começa com o Batman entrando na cela do Coringa, no Asilo Arkhan:
“Olá, eu vim conversar. Estive pensando muito ultimamente sobre você e eu.
Sobre o que vai acontecer conosco no fim. Vamos acabar matando um ao outro,
não? Talvez você me mate. Talvez eu o mate. Talvez mais cedo. Talvez mais
tarde. Eu só queria estar certo de ter tentado mudar as coisas entre nós”.
Esse
começo dá o tom da história: trata-se de um conflito psicológico em que Batman
e Coringa são dois lados da mesma moeda.
O
vilão, solto da cadeia, bola um plano para provar a tese de que todo mundo pode
ficar doido depois de um dia difícil. Assim, ele invade o apartamento do
Comissário Gordon, atira em Bárbara Gordon (Batmoça) e seqüestra o Comissário.
Em
um parque de diversões abandonado, ele tortura o policial, mostrando fotos de
sua filha nua e alvejada. A narrativa é intermediada de flash backs que contam
a origem do Coringa, um comediante fracasso que participa de um assalto a uma
fábrica para sustentar a esposa grávida, mas a vê morrer num acidente
doméstico. O trauma, junto com os elementos químicos da fábrica o transformam
num dos maiores vilões do universo DC. No final, a HQ dá a entender que Batman
é tão louco quanto o Coringa, embora o trauma de infância (a morte dos pais) o
tenha levado a outros caminhos.
A
piada mortal foi tão revolucionária que influenciaria tanto a versão
cinematográfica de Tim Burton (1989) quanto a de Cristopher
Nolan (2008). Tim Burton chegou a declarar: “Eu adorei A piada mortal. É o meu
favorito. O primeiro gibi que gostei”.
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