terça-feira, outubro 31, 2017
Livro A arte dos quadrinhos
Já está on-line o e-book A arte dos quadrinhos. O livro reúne os artigos apresentados no III FNPAS com as mais variadas temáticas. Eu colaborei com o artigo SIMULACRO E PASTICHE EM 1963, DE ALAN MOORE. Para baixar o e-book clique aqui.
Tarzan
Além de Buck Rogers, outro grande expoente da fase aventura foi Tarzan. O personagem foi criado por Edgar Rice Burroughs em 1912, numa revista pulp. O primeiro livro foi vendido para a editora por apenas 700 dólares. Um ano depois já tinha se tornado um dos maiores best sellers da literatura universal.
Com o tempo o rei dos macacos tornou-se o mais consagrado personagem do século XX e legou ao seu criador uma fortuna de 20 milhões de dólares.
Ao contrário da versão cinematográfica, em que Tarzan era um selvagem monossilábico, na literatura ele era um Lord inglês, que fora criado pelos macacos e, de tão inteligente, aprendera a ler sozinho. Seu nome, na linguagem dos macacos criada por Burroughs, significa pele branca (Tar – branca, zan – pele).
Dizem que quando se deparou com o original de um livro de Tarzan, o editor teria dito: “É a história mais excitante que já conheci!”.
Dizem que quando se deparou com o original de um livro de Tarzan, o editor teria dito: “É a história mais excitante que já conheci!”.
Logo cartas de fãs começaram a chegar na editora exigindo uma segunda aventura. Os livros, 26 ao todo, foram traduzidos em 31 línguas, incluindo o mandarim e o esperanto. Até os soviéticos se renderam ao carisma do rei dos macacos.
O personagem estreou no cinema em 1918, com Tarzan dos Macacos, sendo o primeiro filme da história a arrecadar mais de um milhão de dólares.
Com o dinheiro que ganhou, Burroughs montou uma fazenda em homenagem ao personagem e deu-lhe o nome de Tarzana.
No início da década de 1930 a marca Tarzan estava em tudo. Além do cinema, o personagem estrelava propagandas de cremes dentais, sorvetes e até gasolina (“Dirija com o poder de Tarzan!”). Eram vendidos a faca de tarzan, estatuetas de Tarzan e calções de Tarzan.
Com tanto sucesso, não foi surpresa quando o personagem apareceu nas tiras de quadrinhos. Mas, com medo de que seu personagem fosse mais uma vez deturpado, como foi no cinema, Burroughs exigiu que a versão fosse a mais fiel possível.
Para ilustrá-la foi chamado Harold Foster, um desenhista publicitário de talento.
Foster, antes de se tornar desenhista, fizera de tudo um pouco. Passara a infância nas florestas do Canadá, caçando, pescando. Depois trabalhara como guarda-florestal. Depois disso, vendeu jornais, foi boxeador profissional e garimpeiro. Chegou a descobrir uma mina no valor de um milhão de dólares, que lhe foi usurpada.
Em 1921 foi de bicicleta a Chicago, onde estudou desenho de noite enquanto trabalhava de dia.
Embora o tempo de execução fosse muito curto, Foster acabou aceitando desenhar as tiras diárias de Tarzan, mas se recusou a usar balões. O texto e os diálogos eram colocados abaixo dos quadros, um recurso que lhe dava a certeza de que seu desenho não sofreria perdas.
A primeira tira de Tarzan surgiu no dia 7 de janeiro de 1929 e foi um sucesso imediato. Além da popularidade do personagem, a história ganhava muito com o ótimo traço de Hall Foster, um dos mais perfeitos desenhistas de quadrinhos de todos os tempos.
Depois de 60 tiras, Foster completou a história do primeiro livro e abandonou o personagem. Fazer uma tira por dia era um sufoco grande demais. Mas, como Burroughs gostava muito de seu traço, ele foi chamado para fazer páginas dominicais, um novo formato no qual ele se tornaria mestre.
Em 1937 ele abandona Tarzan para se dedicar ao Príncipe Valente, uma criação sua, e é substituído por Burne Hogarth. Hogarth era considerado um mestre da anatomia e levou o personagem ao seu ponto alto. Depois dele vieram outros nomes igualmente importantes, como Russ Manning e Joe Kubert.
Realista somente no desenho, o Tarzan dos quadrinhos era, acima de tudo, um aventureiro. Encontrando cidades perdidas (parece que havia muitas naquela época), lutando com gorilas gigantescos, enfrentando dinossauros e salvando lindas princesas, o único limite para suas aventuras era a imaginação dos roteiristas... e esse limite era tão elástico quanto o interesse dos leitores.
Revista polonesa Krakers
Zulu é uma história em quadrinhos com texto meu (a partir de uma ideia de Walter Klattu) e arte do grande Will. É um exercício de narrativa paralela: enquanto Zullu enfrenta os perigos para cumprir sua missão de matar a Medusa, eu conto, com o texto. No final, as duas tramas se juntam e fica claro porque só ele seria capaz de matar a Medusa. Essa HQ foi publicada na revista polonesa Krakers no ano de 2015. É curioso ver meu texto em uma língua incompreensível para mim.
Propaganda é a alma do negócio
A
publicidade é o mais conhecido método de
promoção, mas não necessariamente o de maior retorno. Enquanto outras
estratégias, como a de prêmios, concursos e amostras, podem ter um impacto
imediato sobre as vendas, a publicidade pode se refletir nas vendas só depois
de um longo período. Entretanto, esse é o tipo de promoção que produz os
resultados mais duradouros. Sendo assim, a publicidade tem resultados lentos,
mas sólidos.
Por
isso, chega a ser engraçado ver aqueles donos de lojinhas que colocam um
anúncio na TV e acham que no dia seguinte o seu estabelecimento estará repleto
de fregueses. O bom resultado de uma publicidade depende de uma série de
fatores, entre eles a escolha da mídia correta e do horário certo. Exemplo disso
é o caso de um colégio de Belém (PA) destinado ao público de alto poder
aquisitivo. Os diretores do colégio foram procurados por um locutor de rádio
que lhes fez uma proposta tentadora de divulgação. Como resultado, o colégio
viu seu produto ser anunciado em um programa brega, transmitido ao vivo de uma
das praias mais populares do Pará. Como resultado, o colégio foi associado com
algo popularesco e de baixa qualidade, justamente o oposto da imagem que se
pretendia passar. Foi necessário fazer toda uma nova campanha só para desfazer
a imagem negativa que esse episódio deixou.
Antes
de fazer qualquer anúncio publicitário, o profissional de publicidade deve ter
em mente a resposta para duas perguntas: Para quem estou enviando essa
mensagem? Com que objetivo?
A
resposta de “Para quem?” define o público-alvo. Se o público-alvo são os
executivos, não se deve anunciar no programa da Xuxa. Se o público-alvo são os
operários que acordam cedo e, portanto, dormem cedo, não se vai anunciar em
programa de madrugada. Caso o público-alvo more no interior, em regiões em que
o rádio tem mais força que a televisão, o mais interessante é anunciar no
rádio.
A
resposta para “Com que objetivo?” dá o enfoque da campanha. Pode, por exemplo,
ser uma campanha de varejo, que tem como único objetivo vender um produto
específico. Mas pode ser também um anúncio que tem como objetivo criar uma boa
imagem da marca, levando o consumidor a tornar-se fiel a ela. As respostas para
todas essas perguntas são conseguidas através do briefing.
Uma dúvida frequente é: qual a diferença entre publicidade e propaganda? Publicidade vem do latim “publicus”, ou seja, aquilo que é público, e era usado para os anúncios de produtos pintados nos muros das casas. Já propaganda vem da palavra, também latina, “propagare”, difundida pela igreja católica por meio do Congregatorio Propaganda Fide (congregação para propagação da fé) na época da contrarreforma. Assim, publicidade passou a designar a divulgação de produtos e serviços, e a propaganda passou a representar a divulgação de ideologias, partidos etc. Assim, existe a publicidade do Bombril e a propaganda política. No entanto, no Brasil, os dois termos são usados como sinônimos no dia a dia das agências de publicidade.
O cair da noite
O cair da noite é o mais famoso conto de Asimov. Nele, um planeta é iluminado por seis sóis, de modo que não existe noite. Mas a cada dois mil anos um eclipse escurece o planeta. O pavor da população gera uma loucura coletiva, que destrói a civilização. Cientistas descobrem isso e tentam preservar o conhecimento para evitar uma nova destruição. Mas precisam lutar contra o fanatismo religioso. Livro obrigatório nos dias atuais.
segunda-feira, outubro 30, 2017
Família Titã - o processo de criação
Família Titã foi uma história em quadrinhos escrita por mim e desenhada pelo Joe Bennett e publicada em diversas revistas da editora Nova Sampa na década de 1990. Eu contei 5 edições diferentes. Com o tempo, virou cult e finalmente foi relançada, no formato de álbum, pela editora Opera Graphica, em maio deste ano. O texto abaixo, um diálogo entre eu e o Joe, deveria constar no álbum, mas acabou não entrando. Nele, nós discutimos como foi o processo criativo e a repercussão da história. Eu tenho exemplares para venda, ao preço de 35 reais já com frete. Quem estiver interessado, basta mandar um e-mail para: profivancarlo@gmail.com.
Gian Danton: Você lembra como tudo começou? Você recebeu um telefonema do Franco de Rosa pedindo uma história de 30 páginas, não?
Joe Bennet: Sim, ele me pediu uma HQ de 30 páginas para fechar uma edição e queria em no máximo 15 dias.
Gian Danton: Isso. O tempo era muito corrido. Tínhamos que criar algo rápido
Joe Bennett: Sim. Eu na época estava trabalhando somente para o Franco... a Val era um bebê de meses de idade, precisava fazer grana rápido. Eu não tinha nada em mente. No caminho pra tua casa eu fui pensando na família Marvel.
Gian Danton: Você lia muito Família Marvel quando criança?
Joe Bennett: Eu adorava a Família Marvel!
Gian Danton: O irônico é que a Família Marvel é a mais infantil dos super-heróis...
Joe Bennett: Sim..mas estávamos encharcados do Miracleman e fizemos algo muito adulto... Quando eu fui pra tua casa discutir a empreitada eu só estava com a Família Marvel na cabeça. Começamos a falar sobre isso, mas com o Miracleman como guia, como sempre fazíamos. Primeiro nos avacalhávamos, pois sempre fazíamos piadas com nossas ideias.. Éramos muito críticos de nos mesmos. Aí então, após algumas horas, parávamos e víamos que a coisa tava séria...rsrsrs
Gian Danton: A gente sempre se divertia muito, especialmnete nas histórias de terror.
Joe Bennett: Haha! Verdade!
Gian Danton: Você vivia me colocando nas histórias, em piadas internas...
Joe Bennett: HAHHAHA! A melhor de todas ainda é a do cara com agorafobia na PHOBOS (publicada na revista Graphic Sampa) acabou ficando duca aquilo.
Gian Danton: Nessa mesma história aparece um hospício com o meu nome verdadeiro, Ivan Carlo. Mas voltando para a Família Titã, você lembra se a gente teve a ideia de transformar a coisa em uma tragédia grega, ou foi sem querer?
Joe Bennett: Olha cara..na verdade foi por uma consequência de ideias...a gente foi fazendo... criando, e quando vimos aquilo estava denso pacas...a solução era somente uma...TRAGÉDIA. Na verdade..a cena do menage a trois que levou ao final da trama...
Gian Danton: É, naquela cena fica claro que o Tribuno era um pária no grupo. Aliás, só colocamos aquela cena porque precisava ter sexo, mas acabou sendo fundamental.
Joe Bennett: Sim...na verdade ela é fundamental... mas so foi explícita por questões editoriais... Hoje ela aconteceria, mas de forma velada.
Gian Danton: Engraçado que, apesar da influência de Miracleman, o caminho que seguimos foi outro...
Joe Bennett: Sim..o nosso caminho foi até mais realista em nível humano do que o Miracleman. Fomos ao cerne do ser humano ali.
Gian Danton: Nós abordamos mais a interação entre eles. Os personagens que eram realistas, tinham motivação...
Joe Bennett: Sim e eu acho aquela solução do roteiro realista perturbadora...
Gian Danton: Sim, um herói em busca de vingança.
Joe Bennett: Esse nosso tom realista-humanista foi nos levando ate chegar na Refrão de Bolero, concordas?
Gian Danton: Sim, sem dúvida. Refrão foi uma consequência da Família Titã.
Joe Bennett: Sim, Exato. Ela foi logo em sequencia à FT.
Gian Danton: Mas voltando à família, Tribuno é o personagem mais interessante. Ele é heroi e vilão.
Joe Bennett: Sim. Ele é o canal pra toda a tragédia..pois já tem um espírito trágico.
Gian Danton: Engraçado que isso aconteceu por causa da correria. Não tivemos tempo de conversar sobre isso. Lembro que você fez o rafe rapidinho. Eu escrevi o texto todo em menos de uma hora.
Joe Bennett: Foi. Eu fiz o rafe numa tarde e te mostrei na manhã seguinte.
Gian Danton: Tudo foi muito rápido. No mesmo dia você já estava fazendo a primeira página.
Joe Bennett: Não pensamos em nada além de FAZER... o original era pequeno 25 x 28 mais ou menos, para economizar tempo.
Gian Danton: E no final eu achava que o Tribuno era o herói e você achava que ele era o vilão. Acredito que o diferencial do Tribuno é que ele tinha motivação. Algo que falta em muitas histórias atuais. Os personagens parecem bonecos sem vida...
Joe Bennett: Sim..eu tinha esta ideia dele..tanto que sempre o fazia soturno e nos cantos dos quadros.
Gian Danton: Então ele tá lá, matando um monte de gente, botando o terror, mas o leitor entende ele, e até simpatiza com ele.
Joe Bennett: Sim..pois no texto tu compravas o leitor.. e isso foi ótimo. Eu era o promotor e tu eras o advogado.
Gian Danton: E no desenho você caprichava nos detalhes mórbidos...
Joe Bennett: É. A cena do Paulo preso nos destroços e bebendo gasolina para não morrer deixou até tu perturbado. Rs RS RS RS RS.
Gian Danton: Aquela cena da Vésper agarrada com a filha, o olhar de pavor dela é perturbador...
Joe Bennett: Sim..e complementou com tua descrição da morte da criança..algo que não foi mostrado..mas ali estava tua descrição digna de um agente da gestapo... rs rs
Gian Danton: Lembrei de uma coisa agora. Essa sequência era a primeira da história, depois vinha o resto em flash- back. Quando foi publicado pela primeira vez, inverteram isso e colocaram no final. Essas narrativas não lineares eram típicas da nossa parceria.
Joe Bennett: Sim..a trama é contada em flashback...isso é, claro, uma influencia do Moore...
Gian Danton Outra inovação foi colocar eles morando num lixão.
Joe Bennett: Sim... hoje é cool mostrar isso, tem até novela no lixão, mas na época, não. Se fossemos bobinhos naquela época faríamos eles garotos normais, digo, morando em casas normais. Mas não, fomos pelo caminho da crueza mesmo...
Gian Danton: Falando sobre os personagens, Centurião e Vésper ainda continuam crianças, mesmo depois dos poderes...
Joe Bennett: Sim, pois eram infantis mentalmente. Aliás..eram crianças de 12 a 14 anos na verdade. O Tribuno que por ser letrado, era bem mais maduro, mas não tanto ao ponto de aceitar que Melissa não o amava... se bem que pra isso não precisa idade ou intelectualidade... rsrsrs
Gian Danton: Sim, o Tribuno era um velho em corpo de criança.
Joe Bennett: Sim e literalmente... já que seu corpo estava morrendo
Gian Danton: Centurião e vésper são como crianças que ganharam um brinquedo caro e querem curtir esse brinquedo.
Joe Bennett: Isso
Gian Danton: Tem esse aspecto também. O Tribuno acha que eles devem usar os poderes para melhorar o mundo.
Joe Bennett: Sim, e na minha opinião o César queria ou teria usado este poderes de forma mais correta com o que lhe propuseram... na verdade o poder era DELE e ele o distribuiu e por isso a coisa desandou. Ele fez tudo por amor à Melissa.. quando deveria fazer por amor a humanidade
Gian Danton: O tribuno é tridimensional.
Joe Bennett: Sim. Bastante.
Gian Danton: É um personagem complexo: humanista, mas egoísta. Interessante também que o amor dele acaba se transformando em ódio.
Joe Bennett: Na verdade... o altruísmo dele em distribuir poder foi somente um fisiologismo para receber o amor da Melissa depois.
Gian Danton: Embora ele esperasse que ela usasse bem esse poder...
Joe Bennett: O odio anda em compasso com o amor..tanto que ao final de tudo ele chora por tudo que fez. Ali ele se redime.
Gian Danton: Só um deus pode matar um deus.
Joe Bennett: Na minha opinião ele nao morre no sol.. nada pode matar o que ele possui...
Gian Danton: Deixamos o final em aberto.
Joe Bennett: Cada um tem a sua ideia de como termina. Sempre fazíamos isso em nossas HQs. Dávamos margem para discussões depois. Nunca fechávamos tudo e
isso era algo bom.
Gian Danton: Aliás, muitos leitores achavam que o Tribuno era herói, outros que ele era vilão. Não tinha uma interpretação só.
Gian Danton Estava olhando a história. Acho que é a HQ em que fica mais clara sua influência do Garcia Lopez.
Joe Bennett: Sim..Garcia López. Ali eu me soltei neste sentido. Era uma HQ de super-herói. Portanto, nada mais adequado que emular meu mestre, tanto que esta HQ me levou a trabalhar nos EUA... mas isso é outra historia...
Gian Danton: Fala um pouco sobre essa influência.
Joe Bennett: Eu conheci o o mestre Garcia aos meus 8 anos numa história do Batman. Foi amor à primeira vista. O cara é um mestre! Nunca havia visto herois sendo desenhados daquele jeito. Durante minha pré-adolescência eu treinei muito o estilo dele.
Gian Danton: Engraçado que eu sempre fui fã do traço do Garcia lopez e você sempre foi fã do Alan Moore.... A Família Titã juntou um roteirista influenciado pelo Alan Moore com um desenhista influenciado pelo Garcia-Lopez...
Joe Bennett: Pois é, ali juntamos as duas coisas.
Gian Danton: Você lembra como foram as reações dos leitores?
Joe Bennett: olha.. a melhor delas foi do Jadson, que na época era leitor e aspirante a quadrinhista. O Jadson comprou para descascar uma... aí começou a ler e não teve coragem de proseguir com seu intuito primário... rs rs rsrs... Virou fã da HQ... Aliás, muita gente comprava para descascar e depois virava fã da dupla.
Gian Danton: Eu sempre viajo em congressos e eventos e sempre vinha alguém com a Família Titã encadernada para autografar... O engraçado é que isso foi lançado em revista lacrada, de fundo de banca, papel jornal...
Joe Bennett: Pois é. Tinha gente que recortava só a família titã e mandava encadernar.
Gian Danton: Mesmo sendo erótico, a gente caprichava, não era o sexo pelo sexo...
Joe Bennett: Não acho que alguém tenha sentido tesão pela INCUBO... rs rs rs rs...
Gian Danton: Lembro de uma carta do Franco de Rosa nos pedindo para não matar os protagonistas.
Joe Bennett: Há Há Há! Pois é, os leitores compravam por causa do erotismo e a gente matava os protagonistas. Era quase uma necrofilia da parte dos leitores... Muitos se sentiam mal...
Gian Danton Se sentiam mal, mas continuavam comprando.
Joe Bennett: É igual a um acidente com massa encefálica espalhada no asfalto... todo mundo acha horrível mas passa devagarzinho ao lado para ver...
Gian Danton: Aí iam na banca e procuravam as revistas que tivessem a margem negra... Lembro que vc já usava antes mesmo da nossa parceria. Você já tinha ideia que isso era uma sacada de marketing?
Joe Bennett: Sim, eu tinha sim, fazia de proposito, era marca Bene Nascimento na revista.
Gian Danton: E todo mundo sabia...
Joe Bennett sim. E compravam por isso também... eu só queria saber quantas vezes a FT foi republicada...
Gian Danton Eu contei quatro publicações. Quem curtia comprava a revista mesmo lacrada por causa da margem negra.
Gian Danton: Sobre continuações: Eu acho que poderia funcionar como prequel, tem muita brecha ali, muita coisa que contamos só por alto...
Joe Bennett: Sim, não cabem continuações, mas prequels e enxertos sim... eles tiveram 10 anos de atividade... ou 15, não me lembro agora... portanto muita coisa aconteceu. Sem contar os 10 anos de exílo do César, poderoso e solitário e cada vez mais amargurado com o mundo.
Gian Danton: sim, há brechas aí para muitas histórias. Só isso já dava uma série.
Joe Bennett: Na época talvez não tivéssemos vivencia para fazer essas historias... mas hoje a coisa seria diferente. Fica aqui uma ideia...
Gian Danton: Não tínhamos vivencia nem mercado.
Joe Bennett: Hoje continuamos em mercado... rs rs rsrs
Gian Danton: Mas hoje existem os álbuns para venda em livrarias. O mercado da época era fazer histórias eróticas para serem publicadas em revistinhas de fundo de banca... Eu sempre lamentei a família titã nunca ter sido publicada em um formato melhor, com papel de qualidade...
Joe Bennett: Sim... finalmente, após quase 25 anos, isso vai acontecer.
Gian Danton: Na verdade, este álbum da FT é um antigo sonhos dos fãs.
Joe Bennett: E nosso também...
Gian Danton: Muita gente me cobrava isso.
Joe Bennett: Sim..a mim também. Eu também me cobrava e hoje me cobro mais historias deles.
Gian Danton: Na época a chamada de capa era "a insólita família titã".
Joe Bennett: sim
Gian Danton: Não tinha nome dos autores na capa, ou maior destaque. Era o mesmo destaque das outras histórias.
Joe Bennett: Na verdade..nem nós nem o Franco sabíamos o que estava em nossas mãos. Poderíamos ter criado um universo inteiro com herois brasileiros e criveis a partir dali..
Gian Danton: o sucesso foi aos poucos. O pessoal foi descobrindo a história. Outra coisa que ajudou foi a internet. Um amigo americano me disse que alguém traduziu para o inglês e colocou na rede o scans. Infelizmente esse site deve ter sido derrubado antes de eu achar esse scan.
Joe Bennett: Poxa..que pena... eu queria ter visto isso.
Gian Danton: Eu também. Mas isso mostra que até nos EUA tivemos fãs da Família Titã...
Joe Bennett: Pois é. Aliás, foi graças à Família Titã que consegui trabalhar para os EUA. O Hélcio de Carvalho leu essa HQ e me convidou para fazer testes paras as editoras americanas. O resto é história...
A arte espetacular de John Harris
John Harris é um artista e ilustrador britânico, conhecido por trabalhar no gênero de ficção científica. Suas pinturas foram usadas em capas de livros para muitos autores, incluindo Orson Scott Card, Arthur C. Clarke, Isaac Asimov e Frederik Pohl. Uma das suas especialidades são as imaginativas naves espaciais e paisagens aéreas.
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