Asterix é o personagem mais famoso dos quadrinhos europeus e um dos mais importantes do mundo. O herói gaulês foi criado em 1959, por René Goscinny e Albert Uderzo e desde então tem arrebatado legiões de fãs no mundo todo e estrelado desenhos animados e filmes de sucesso.
Goscinny é um filho de judeus ucranianos e poloneses. Ainda criança, mudou-se com os pais para a Argentina, onde começou a trabalhar com publicidade aos 17 anos. Em 1949 recebeu uma carta de um tio instalado em Nova York e foi para os EUA, onde trabalhou no mesmo estúdio que outros grandes artistas como Harvey Kurtzman, Will Elder e John Severin, que posteriormente viriam a criar a revista MAD.
Em 1950 conheceu dois quadrinistas europeus, Jijé e Morris, que lhe apresentaram o editor Georges Troisfontaines. Este, por cortesia, disse que ele passasse em Bruxelas para lhe mostrar seus trabalhos. Só não esperava que Goscinny fosse levar esse convite a sério. Três semanas depois, Goscinny desembarcou na Bélgica e Troisfontaines não teve outro remédio senão empregá-lo em sua editora, destinando-lhe a sucursal parisiense da editora. Lá, Goscinny conheceu Uderzo e os dois começaram uma rica colaboração. Goscinny tinha um texto humorístico genial e Uderzo era um grande cartunista. Essas características já se revelam em U-pah-pah, um índio americano que tem muitas das características que depois viriam a fazer o sucesso de Asterix.
Além de escrever para Uderzo, Goscinny colabora com vários outros artistas, como Morris na série Lucky Luke.
Em 1955, Uderzo, Goscinny e o roteirista Jean-Maria Charlier tentam criar um sindicato de quadrinistas para defender suas reivindicações. Ao saber disso, Troisfontaines demitiu os três, que, desempregados, resolveram criar uma nova editora, cujo carro-chefe seria a revista Pilot. Para o número de estréia, Goscinny e Uderzo criaram um simpático gaulês chamado Asterix, mas nem de longe esperavam que eles fizessem tanto sucesso.
Em 29 de outubro de 1959 surge o primeiro número da revista, trazendo o novo personagem e é um sucesso imediato. A história se passa no auge do Império Romano, quando toda a Gália foi dominada, toda não, uma única aldeia resiste e nela vivem Asterix e seu inseparável companheiro Obelix. O segredo dessa aldeia para resistir ao invasor é uma poção mágica que lhes dá força extrarodinária, preparada pelo druida Panoramix.
Goscinny exercitou toda sua verve cômica e seu pendor para trocadilhos, que abundam na história. Mesmo os nomes dos personagens são trocadilhos. Asterix vem de asterisco e Obelix vem de Obelisco. A dupla tem um cachorro de estimação, Ideiafix, que ganhou esse nome por tinha a idéia fixa de segui-los para onde quer que eles fossem. Na história, todos os gauleses têm nomes terminados em ¨ix¨, os romanos nomes terminados em ¨us¨ (Acendealuz, Apagaluz, etc).
O humor se dava principalmente através de situações que se repetiam, mas de modo diferente. Os romanos, por exemplo, estão sempre tentando conquistador a aldeia e sempre levando sopapos (¨Esses romanos são uns neuróticos¨, diz Obelix), Obelix , que caiu na poção mágica quando bebê, está sempre querendo beber um pouquinho da poção, os piratas sempre têm seu navio afundado quando encontram com os dois heróis... (em uma das histórias mais engraçadas, os próprios piratas destroem o navio ao encontrar com Asterix e Obelix), Automatix sempre reclama dos peixes de Ordenalfabetix, o que gera uma briga na qual se envolvem todos os integrantes da aldeia... e as histórias sempre terminavam num banquete com javali assado, com o bardo Chatotorix amarrado para evitar que cante uma de suas músicas insuportáveis.
Além das histórias serem muito boas, elas representavam um sentimento nacional francês. Na década de 1950 o país perdia sua importância para a nova potência mundial, os EUA e Asterix acabou se tornando símbolo da resistência cultural francesa.
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