Uma das grandes inovações da primeira fase de Frank Miller no
Demolidor foi a criação de Elektra, a grande paixão do herói. O fato dela ser
uma assassina criou uma dinâmica única na série e um dilema ética para o herói poucas
vezes visto nos quadrinhos de super-heróis. No auge da fama, Miller matou a
personagem (em uma sequências mais emocionantes das HQs de todos os tempos). Mas
provavelmente se arrependeu.
Elektra reapareceu logo depois, em uma HQ curta em que
Murdock delira imaginando que personagem está viva. Depois em uma HQ em que o
tentáculo tenta trazê-la de volta, sob controle dos assassinos. E, finalmente,
em Elektra vive, publicada no final de década de 1980.
Quando o álbum foi publicado, Miller estava no auge da fama,
o que lhe permitiu impor um formato gráfico diferenciado para os quadrinhos
americanos. E estava no auge de sua capacidade como narrador gráfico. A começar
pela capa, apenas como os créditos, título e a personagem andando em meio à
neve. Outro destaque é a sequência de página inteira em que Murdock desce as
escadas de seu apartamento. Com forte influência de Will Eisner, Miller
aproveita a tendência do leitor de visualizar a página de cima para baixo para
construir sua narrativa.
As cores de Linn Varley, esposa de Miller, destacam ainda
mais a arte exuberante (bons tempos em que Miller sabia desenhar!!!).
A sequência em que Murdock vai à igreja para se confessar é relevante
e revela muito sobre o personagem e suas origens católicas (algo que foi muito
bem aproveitado na primeira temporada da série da Netflix). Mas as várias sequências
de sonhos e do personagem se lembrando da personagem parecem apenas uma repetição
do que Miller já tinha feito na revista do Demolidor.
Enfim, a pergunta: apesar da qualidade visível do álbum, era
mesmo necessária uma história a mais com Elektra?
Elektra Vive foi publicada no início da década de 1990 pela
editora Abril e volta agora em um álbum capa dura pela editora Panini.
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