quarta-feira, julho 04, 2018

Tarzan e o sucesso dos quadrinhos de aventura


Além de Buck Rogers, outro grande expoente da fase aventura foi Tarzan. O personagem foi criado por Edgar Rice Burroughs em 1912, numa revista pulp. O primeiro livro foi vendido para a editora por apenas 700 dólares. Um ano depois já tinha se tornado um dos maiores best sellers da literatura universal.
Com o tempo o rei dos macacos tornou-se o mais consagrado personagem do século XX e legou ao seu criador uma fortuna de 20 milhões de dólares.
Ao contrário da versão cinematográfica, em que Tarzan era um selvagem monossilábico, na literatura ele era um Lord inglês, que fora criado pelos macacos e, de tão inteligente, aprendera a ler sozinho. Seu nome, na linguagem dos macacos criada por Burroughs, significa pele branca (Tar – branca, zan – pele).
     Dizem que quando se deparou com o original de um livro de Tarzan, o editor teria dito: “É a história mais excitante que já conheci!”.
Logo cartas de fãs começaram a chegar na editora exigindo uma segunda aventura. Os livros, 26 ao todo, foram traduzidos em 31 línguas, incluindo o mandarim e o esperanto. Até os soviéticos se renderam ao carisma do rei dos macacos.
O personagem estreou no cinema em 1918, com Tarzan dos Macacos, sendo o primeiro filme da história a arrecadar mais de um milhão de dólares.
Com o dinheiro que ganhou, Burroughs montou uma fazenda em homenagem ao personagem e deu-lhe o nome de Tarzana.
No início da década de 1930 a marca Tarzan estava em tudo. Além do cinema, o personagem estrelava propagandas de cremes dentais, sorvetes e até gasolina (“Dirija com o poder de Tarzan!”). Eram vendidos a faca de tarzan, estatuetas de Tarzan e calções de Tarzan.
Com tanto sucesso, não foi surpresa quando o personagem apareceu nas tiras de quadrinhos. Mas, com medo de que seu personagem fosse mais uma vez deturpado, como foi no cinema, Burroughs exigiu que a versão fosse a mais fiel possível.  
Para ilustrá-la foi chamado Harold Foster, um desenhista publicitário de talento.
Foster, antes de se tornar desenhista, fizera de tudo um pouco. Passara a infância nas florestas do Canadá, caçando, pescando. Depois trabalhara como guarda-florestal. Depois disso, vendeu jornais, foi boxeador profissional e  garimpeiro. Chegou a descobrir uma mina no valor de um milhão de dólares, que lhe foi usurpada.
Em 1921 foi de bicicleta a Chicago, onde estudou desenho de noite enquanto trabalhava de dia.
Embora o tempo de execução fosse muito curto, Foster acabou aceitando desenhar as tiras diárias de Tarzan, mas se recusou a usar balões. O texto e os diálogos eram colocados abaixo dos quadros, um recurso que lhe dava a certeza de que seu desenho não sofreria perdas.
A primeira tira de Tarzan surgiu no dia 7 de janeiro de 1929 e foi um sucesso imediato. Além da popularidade do personagem, a história ganhava muito com o ótimo traço de Hall Foster, um dos mais perfeitos desenhistas de quadrinhos de todos os tempos.
Depois de 60 tiras, Foster completou a história do primeiro livro e abandonou o personagem. Fazer uma tira por dia era um sufoco grande demais. Mas, como Burroughs gostava muito de seu traço, ele foi chamado para fazer páginas dominicais, um novo formato no qual ele se tornaria mestre.
Em 1937 ele abandona Tarzan para se dedicar ao Príncipe Valente, uma criação sua, e é substituído por Burne Hogarth. Hogarth era considerado um mestre da anatomia e levou o personagem ao seu ponto alto. Depois dele vieram outros nomes igualmente importantes, como Russ Manning e Joe Kubert.
Realista somente no desenho, o Tarzan dos quadrinhos era, acima de tu­do, um aventureiro. Encontrando cida­des perdidas (parece que havia muitas naquela época), lutando com gorilas gigantes­cos, enfrentando dinossauros e salvan­do lindas princesas, o único limite para suas aventuras era a imaginação dos ro­teiristas... e esse limite era tão elástico quanto o interesse dos leitores.

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