Depois da I Guerra Mundial e a crise 1929, que outro
tipo de catástrofe poderia se abater sobre o mundo? A II Guerra Mundial.
O mundo tinha
um vilão que, apesar de não ter saído das páginas dos gibis, tinha várias semelhanças
com personagens de quadrinhos: era ridículo e extremamente maligno. Chamava-se
Hitler e o grande sonho dos garotos da América era ver um herói dando um soco
em suas fuças. Foi essa a idéia que o roteirista Joe Simon teve. Martin
Goodman, chefão da Timely (atual Marvel) gostou tanto da idéia que resolveu
lançar uma revista às pressas. O artista escolhido para ilustrar essas
histórias foi Jack Kirby - que logo se tornaria uma lenda, influenciando toda a
geração de desenhistas da futura Marvel.
Simon e Kirby
sabiam que tinham ouro nas mãos, tanto que fizeram várias exigências. O
personagem deveria estrear em revista própria, e não em uma antologia. Os
criadores ficariam com 15% dos lucros e teriam cargos assalariados, como editor
e diretor de arte. Goodman concordou com tudo.
O primeiro
número chegou às bancas em fevereiro de 1941 e foi um sucesso. A primeira
edição se esgotou em poucos dias. A edição seguinte foi de um milhão de
exemplares e também esgotou. O Capitão América tornou-se o gibi mais vendido do
período da guerra, mas também provocou muita polêmica. Joe Simon conta que a
editora foi inundada por uma torrente de cartas de ódio e telefonemas obscenos
cujo teor era: “morte aos judeus!”. O
prefeito de Nova York mandou uma guarnição para proteger os artistas e
telefonou pessoalmente, felicitando-os pelo seu trabalho na revista.
Os editores incentivavam os leitores a criarem clubes
e servirem ao país como bons super-heróis. Essa iniciativa publicitária tomou
tons bizarros quando crianças começaram a denunciar colegas ou parentes como
espiões apenas por eles terem nomes com pronúncia germânica.
Os
artistas, entretanto, só foram perceber a extensão do sucesso do personagem
quando começaram a aparecer uma porção de imitadores. Surgiram o Capitão
Bandeira, o Capitão Liberdade e a Águia Americana. A editora chegou a publicar
uma ameaça de ação legal nas páginas da revista: ¨Cuidado, imitadores! Só há um
Capitão América!¨.
Mas Martin
Goodman não parecia muito disposto a manter o acordo e, quando Simon e Kirby
perceberam que estavam sendo passados para trás, foram para a National (futura
DC Comics), onde criaram o último sucesso da guerra: Os Boys Comando.
Stan Lee
tentou continuar as histórias do Capitão América, transformando-o num
professor que combatia o crime nas horas vagas.
Kirby e Simon ficaram tão furiosos com o
fato de estarem usando seu personagem que resolveram criar uma paródia: o
Fighting Amerícan, um super-herói que enfrentava vilões inaptos, com nomes
ridículos, como Super-Khakalovitch e Hotsky Trotsky.
Evidentemente, a versão de Stan Lee não deu
certo e a própria Marvel passou a desconsiderá-la.
Lee só iria acertar em 64, quando recriaria
o Capitão juntamente com Jack Kirby, tentando explicar toda a bobagem que tinha
sido feita até ali com o personagem.
O Capitão
América foi o primeiro personagem de HQ a assumir um discurso político, mas não
foi o único a combater na II Guerra Mundial.
Quase todos os personagens da época de Tarzã
ao Spirit atuaram na guerra, em favor dos aliados.
O Fantasma passou a enfrentar japoneses que
invadiram a sua floresta e até Flash Gordon voltou do planeta Mongo para
combater os nazistas.
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