No final da década de 1920, Walt Disney estava
inconsolado. Ele havia acabado de perder os direitos sobre seu personagem
Osvald, o coelho para Charles Mintz. Para compensar, ele criou outro personagem
inspirando-se num camundongo que costumava visitar seu escritório. Assim nascia
o divertido Mickey, com sua cabeça grande, pernas finas e sapatos grandes, como
um menino que tivesse vestido os sapatos do pai. Inicialmente, o camundongo
deveria se chamar Mortiner, mas Disney acabou mudando de idéia (alguns autores
creditam a mudança à esposa do desenhista). Em 1928 estreou o primeiro
curta-metragem do personagem, e também o primeiro desenho animado sonoro da
história, tornando-se logo um sucesso.
Não
tardou para que o personagem migrasse para as tiras. Floyd Gottfredson foi
escolhido para fazer a adaptação.
Outro
personagem surgido nas animações também logo ganharia sua versão em quadrinhos:
o Pato Donald. O desenhista Al Taliaferro adaptou o filme A galinha sábia para
as tiras e depois o resultado foi copilado em um gibi com grande sucesso.
Mas o
personagem realmente só se tornaria célebre após a entrada de Carl Barks no
título. Barks foi um fracasso em diversas profissões, de cowboy a carpinteiro,
passando por condutor de mulas e impressor. Não conseguindo sucesso em nada,
ele decidiu investir no sonho de ser desenhista. Seu primeiro trabalho foi numa
revista humorística, mas um dia ele viu um anúncio da Disney, procurando
animadores e se candidatou. Foi colocado no setor de roteiros e ajudou a criar
gags visuais para mais de 40 curta-metragens.
Certa
vez ele foi escolhido para participar de um longa do Pato Donald intitulado O
Ouro do Pirata. O projeto não saiu do papel, mas mesmo assim Disney resolveu
transformar o material em uma revista em quadrinhos e convidou Barks para fazer
a adaptação. Foi um sucesso tão grande que a editora Dell-Western lhe ofereceu
um emprego como quadrinista.
Barks
estava, enfim, no seu elemento. Em 1947 ele criou o Tio Patinhas, baseado no
personagem sovina do Conto de Natal, de Dickens. Criado para uma única
história, ele agradou tanto que logo ganharia revista própria. Barks continou
desenvolvendo a mitologia dos patos com a criação de outros personagens, como o
inventor Professor Pardal e o sortudo Gastão.
Tio
Patinha logo se tornou um personagem extremamente popular, graças quase que
exclusivamente às histórias de Barks.
Segundo a enciclopédia Históira de los Comics,
o que fazia de Barks um gênio não era sua criatividade ou seus desenhos, embora
ambos fossem ótimos. O que o transformou em gênio foi a autenticidade dos mundos
que criou. Essa autenticidade surgia tanto da experiência de vida quanto das
pesquisas minuciosas que fazia para suas histórias.
Um
exemplo de mundo criado é a vila quadrada, um local perdido nos Andes em que
tudo era quadrado (até os ovos!) e as formas arredondadas eram proibidas.
As
histórias de Barks embalaram a infância de milhões de crianças em todo o mundo.
Quando ele parou de produzir, foi como se fosse criado um vácuo nos quadrinhos
Disney. Hoje esses quadrinhos estão sendo cancelados em todo o mundo. No Brasil,
a única revista que ainda vende bem é a luxuosa Clássicos Disney, que republica
as histórias de Barks, e tem como públicos os adultos saudosistas de boas HQs.
Atualmente,
o quadrinista Disney mais famoso é Don Rosa, um fã tão inveterado de Carl Barks
que faz de todas suas HQs homenagens ao homem dos patos.
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