quarta-feira, setembro 12, 2018

Cinder e Ashe


Poucas vezes houve, na história dos quadrinhos, uma dupla tão afinada quanto Gerry Conway e José Luís Garcia-Lopez. E um dos melhores exemplos desse afinamento é a minissérie Cinder e Ash, lançada pela editora Abril em 1989.
Cinder e Ashe são dois “peritos em controles de danos”, o que significa que eles são aquele tipo de pessoa que você procura quando está em apuros. A história inicia com os dois resgatando uma mulher que foi sequestrada por uma gangue e se recusando a devolve-la ao marido (eles descobrem que ela era agredida pelo esposo). Em seguida são procurados por um fazendeiro que está sendo perseguido por uma misteriosa corporação econômica, que, lhe sequestrou a filha – é o caso Starger que dá título à história. Por trás dessa história há muitos mistérios e um fantasma do passado: um agente da CIA que nos EUA usava Cinder como ladra e agenciava prostitutas que foi dado como morto e agora parece ter estar de volta.
Cinder é chamada assim por seu cabelo ruivo, que lembra brasas em chamas e Ashe, que a salvou no Vietnã e seu tornou seu parceiro e guardião, é cinzas, uma referência provavelmente aos cabelos grisalhos. Além disso, os nomes simbolizam a personalidade de cada um e a forma como se complementam.
Só o desenho de Garcia-Lopez já valeria o preço da revista, mas aqui temos uma mistura perfeita de ação bem desenvolvida com aprofundamento de personagens. Conway destrincha a história por trás de cada dos dois ao mesmo tempo em que desenvolve o relacionamento entre os dois (que oscila entre o romântico e o paternal), alternando entre sequências de presente e flash back (com passagens entre uma e outra que lembram muito Watchmen).
Cinder e Ashe foi um dos melhores quadrinhos lançados em uma época em que as bancas estavam cheias de obras-primas.   

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