segunda-feira, outubro 15, 2018

Stranger Thing - segunda temporada

A primeira temporada de Stranger Things já havia destacado a série como uma das mais interessantes dos últimos tempos. Os irmãos Duffer conseguiram fazer uma mescla de vários elementos da década de 1980 em uma história que funcionava bem, apesar de misturar fantasia infantil com terror (mistura que fez várias produtoras recusarem o projeto). 
Mas se faltava algo, depois da segunda temporada não falta mais. Roteiro, direção e elenco evoluíram. Há muito a se destacar nessa temporada, a começar pela construção do conflito. 
Os diretores-roteiristas sabiam que já tinham um público fiel, de modo que foram desenvolvendo a trama de maneira gradual, sem atropelos. Discípulos de Stephen King, eles se preocuparam primeiro em aprofundar os personagens, com pequenos toques de terror ao longo dos episódios e alguns ganchos de suspense. Quando a ação explode, no sexto episódio, até mesmo o insosso Bob já se tornou familiar aos telespectadores, que, nesse ponto estão verdadeiramente comprometidos até mesmo com personagens secundários.
Criticado por muitos, o sétimo episódio é um dos melhores. O encontro de Eleven com Kali pode ter irritado alguns expectadores por ter parado a trama no seu auge numa sequência que aparentemente não tinha relação com a temporada. Mas um olhar de roteirista permite perceber ali um perfeito gancho para a terceira temporada. Além, claro, de ser mais um show de construção de personagens. A genialidade na direção está em em vários momentos mostrar o poder de Kali sem o uso de fato de efeitos especiais, apenas trabalhando com a edição/montagem. Mesmo o momento em que Eleven usa seus poderes, trata-se de um efeito especial simples, brutalmente amplificado pela ótima direção.
Outro aspecto positivo é o fato da série ter arcos fechados. Os ganchos para a terceira temporada estão todos ali, mas não há pontas soltas, tudo se fecha no último episódio.


Referências 


As referências de Strangers Things davam todo um livro. Mas abaixo aponto alguns dos livros e filmes que influenciaram o seriado e, em alguns pontos são até mesmo citados:

Scanners, sua mente pode destruir, obra-prima de David Cronenberg, de 1981, sobre pessoas com poderes paranormais e a tentativa do governo de controlá-las (vale lembrar de Cronemberg dirigiu uma adaptação de um livro de Stephen King que também serviu de inspiração para ST: Zona Morta). Stranger Things se inspirou não apenas no tema, mas nos ótimos truques de direção. Cronemberg usa pouquíssimos efeitos especiais (o mais célebre é a do crânio de um homem explondindo - o que, provavelmente, deu pouco trabalho), mas consegue convencer de que estamos vendo pessoas com poderes com ótimo uso de edição e som. Quem assistiu Scanner vai perceber que foi a grande referência para as cenas de efeitos especiais do sétimo episódio.


A incendiária - livro de Stephen King sobre uma garota com poderes incendiários fugindo com seu pai de agentes do governo ligados a um projeto que pretende controlar crianças com poderes especiais.

Conta comigo - filme baseado no conto O corpo, de Stephen King que se tornou referência em histórias sobre amizade e crianças unidas em torno de um objetivo em comum. O filme é literalmente citado na sequência da linha do trem.

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