sábado, dezembro 15, 2018

Aldebaran, de Leo


Aldebaran é talvez o melhor exemplo de HQ em que a trama é toda desenvolvida a partir da ambientação. A série, criada pelo brasileiro Luiz Eduardo Oliveira, o Leo, é campeã de vendas na Europa e considerada uma das melhores séries de fantasia e ficção de todos os tempos.
Leo nasceu no Rio de Janeiroe, em 1944. Em 1971 fugiu do Brasil para escapar da repressão do regime militar. Foi para o Chile, Argentina até voltar para o Brasil, onde trabalhou com publicidade. Sua primeira HQ foi uma história de ficção-científica publicada na revista O Bicho. No final da década de 1970 conhece a revista Metal Hurlant, que teria forte influência sobre seu trabalho, e resolve tentar a sorte na França. Depois de anos publicando pequenas histórias em revistas como a L'Echo des savanes e Pilote, em 1991, a convite do escritor Rodolphe, começa a desenhar a série Trent, de grande sucesso.
As boas vendas lhe permitem lançar sua própria série. É quando surge Aldebaran.

A história se passa em um planeta marítimo colonizado por humanos. Mas, depois da primeira expedição, a colônica perde o contato com a Terra. Assim, Aldebaran fica totalmente isolada e passa a ser governada por uma ditadura militar-religiosa, que, entre outras coisas, força detentas a engravidarem para ajudar a povoar a colônia. Uma nova lei pretende obrigar todas as mulheres a engravidarem a partir dos 17 anos. A música é proibida e músicos são obrigados a se esconderem.
A história começa em uma pequena vila de pescadores onde começam a ocorrer fenômenos estranhos. Os peixes desaparecem. Um Nestor (uma espécie de baleia com braços) encalha na praia. Pescadores encontram na superfície um peixe das profundezas. Finalmente, o mar se transforma em uma espécie de gelatina e destrói uma vila de pescadores. Um homem misterioso parece saber o que está acontecendo e, ao se envolverem com ele, dois sobrevintes passam a ser perseguidos pelos militares.

Além da ótima trama e dos desenhos para lá de competentes, Aldebaran chama atenção especialmente pela forma como Leo cria toda uma ambientação alienígena e como a trama gira em torno dessa ambientação. A criatividade do quadrinista para criar visualmente e conceitualmente a flora e a fauna de Aldebaran, por exemplo, é impressionante. Um exemplo: o polvo da areia é capaz de mimetizar a forma de animais para atraí-los e capturá-los com seus tentáculos espalhados sob a areia. Ou as caravelas, animais flutuantes que produzem gás hélio usado pelos humanos em dirigíveis. Aliás, a própria Matrisse, o animal misterioso que parece estar por trás de todos os fenômenos estranhos, é um exemplo da complexidade dessa composição de cenário.

Junte a isso personagens cativantes, tridimensionais, como o trapaceiro Pad, e temos uma HQ obrigatória para todo fã de ficção científica.
A série, composta de cinco volumes, fez tanto sucesso que ganhou duas sequências, Betelgeuse e Antares. No Brasil a série foi publicada pela Panini até a segunda parte, Betelgeuse. Antares continua inédita entre nós.

Clique aqui para baixar os scans.

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