No
final da década de 1960 os super-heróis começaram a entrar em crise. O final da
era de prata dos quadrinhos foi marcado pelo desaparecimento de várias editoras
e títulos. Na década de 1970 começaria a chamada era de bronze. Foi um período
em que os editores testaram novos formatos e gêneros na tentativa de manter o
interesse do leitor. Um personagem que encarnou essa época foi Conan, o
bárbaro.
Conan, criado pelo escritor
texano Robert E. Howard, surgiu na história The Phenix on the sword, publicada
na revista pulp Weird Tales, em 1932. Na década de 1960 suas histórias foram
republicadas, alcançando novo público, que começou a escrever para a Marvel,
pedindo uma revista do personagem.
Na
verdade, os pedidos por uma revista no estilo espada e magia eram tantos que
Stan Lee e Roy Thomas convenceram o chefão da Marvel, Martin Goodman, a
licenciar um personagem. Ocorre que Goodman, um pão duro, forneceu apenas 150
dólares para direitos autorais de cada edição. O valor era tão baixo que Thomas
desistiu de tentar Conan e preferiu negociar um personagem menos famoso,
Thongor, cujo autor, Lin Carter, era fã de quadrinhos. Mas, apesar do interesse
do escritor, as negociações emperraram com o agente literário e, nesse meio
tempo, Thomas descobriu o endereço do agente literário de Robert E. Howard que
escreveu-lhe, cedendo o personagem por 200 dólares a edição.
Para
cobrir esses 50 dólares a mais, Thomas resolveu ele mesmo escrever os roteiros
ao invés de passar para outro escritor. Afinal, se Goodman resolvesse cobrar a
diferença, ele poderia tirar do seu próprio salário – entretanto, com o tempo
ele se afeiçoou tanto ao personagem que passou anos escrevendo-o.
O
desenhista designado deveria ser John Buscema, que parecia perfeito para o
personagem, mas como medida de contenção de gastos, o chefe da Marvel impôs um
desenhista mais barato. O escolhido foi um ilustrador inglês, Barry
Windsor-Smith.
Sem
experiência com o gênero, o desenhista fez alguns números com nítida influência
de Jack Kirby, que pareciam mais histórias de super-heróis que de Conan. Mas
com o tempo seu traço foi se tornando mais refinado e se adequou ao personagem.
A revista, que vendeu bem nos primeiros números, teve uma queda de vendas, mas
se tornou um sucesso depois de uma sugestão de Stan Lee (ele percebeu que as
revistas que menos vendiam era as que tinham Conan enfrentando animais e
sugeriu mais capas com antagonistas humanoides).
Apesar
do sucesso, Smith acabou abandonando os quadrinhos para se dedicar a outras
variantes artísticas.
Para
substituí-lo foi finalmente chamado o veterano, John Buscema. Buscema mudou o
personagem, tornando-o mais másculo e mais bárbaro, definindo o que seria o visual
do personagem dali para frente. Quando a revista deixou de ser colorida e
passou a ser publicada no formato magazine (maior que o dos gibis), as vendas
estouraram, pois a revista alcançou um público bem mais adulto, que já tinha
desistido de ler super-heróis.
O sucesso de Conan também
esteve ligado aos ótimos arte-finalistas de origem filipina, como Ernie Chan e
Alfredo Alcala, que distanciavam o traço de Buscema daquele que ele usava nos
super-heróis.
O sucesso absoluto do
personagem fez com que surgissem vários outros personagens nos mesmos moldes.
No começo, a própria Marvel aproveitou para publicar outros personagens criados
por Robert E. Howard, como Kull, o conquistador e Sonja, a guerreira, que fez
muito sucesso no traço de Frank Thorne. Tratava-se de uma mulher que só podia
entregar sua virgindade ao homem que a vencesse em combate. Como isso nunca
acontecia, a história se equilibrava entre a sensualidade e a ação.
A DC entrou na onda com O
Guerreiro, criação de Mike Grell, sobre um piloto da força aérea
norte-americana que vai parar no centro da terra, onde existe um mundo dominado
pela espada e pela magia.
Na década de 1980 Conan
ganhou uma versão cinematográfica, estrelada por Arnold Schwazenegger, o
primeiro sucesso cinematográfico do ator.
Conan fez um sucesso extremo
no Brasil, onde continuou popular mesmo quando a Marvel não estava mais
produzindo novas histórias. Por causa disso, as editoras (inicialmente a Abril
e depois a Mythos) continuaram a revista apenas com republicações. Depois o personagem
foi adquirido, nos EUA, pela editora Dark Horse. As novas histórias, assinadas
pelo roteirista Kurt Buziek e pelo desenhista Cary Nord têm conseguido agradar
aos velhos fãs.
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