A dupla Jack Kirby – Stan Lee foi responsável por
criar a maior parte da mitologia Marvel. Todo o trabalho da dupla é digno de
nota, mas foi em Thor que a habilidade de Kirby para criar mundos e conceitos e
a habilidade de Stan Lee para o dramático e épico encontraramseu ponto mais
alto. E, de todo o trabalho da dupla no personagem, a saga de Ragnarok é o pico
absoluto.
Na história, Mangog, um mostro que encarna milhões
de seres que em tempos antigos tentaram invadir asgard e foram detidos por
Odin. Agora o mostro foi libertado e quer vigança. Para isso, ele pretende
tirar a espada de Odin da bainha, provocando o Ragnarok, o fim dos tempos. Para
piorar, Odin está dormindo o sono do qual não pode despertar, de modo que resta
a Thor e seus amigos tentarem impedir a ameaça que pode destruir todo o
universo.
Essa saga se estendeu dos números 153 a 157 da
revista The Mighty Thor, reunidas no volume XIII da coleção e graphics clássicas
da Salvat.
A história começa com o fim de uma saga
anterior. Thor lança o troll Ulik no abismo das sombras e, ao se agarrar em uma
saliência, ele descobre o local onde Mangog está preso e o liberta.
Isso era resultado da maneira como a dupla
Lee-Kirby construía a trama de Thor: como uma grande saga, em que tudo se
interligava. Assim, o final de uma trama ensejava o início de outra.
Há um intervalo em que Thor e Loki lutam na Terra
(com Thor se transformando em Donald Blake, recurso muito usado na época para
aumentar o suspense) e a deusa Sif sendo ferida mortalmente.
Mas é quando Mangog avança na direção de Asgard
que a trama, que já estava eletrizante, esquenta de vez. O ritmo narrativo é
alucinante como uma ópera que vai num crescendo até o final apoteótico. O
desenho de Kirby vai se tornando mais grandioso a cada quadro e o texto de Lee
marca o tom épico. “Então o momento é este!”, diz Thor, à medida em que o
monstro se aproxima para retirar a espada e provocar o Ragnarok. “É aqui que
lutamos! Aqui resistimos! E, se o destino assim decretar... é aqui que todos
pereceremos!”.
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