Sócrates dizia que era o homem mais sábio da Grécia justamente porque ele era o único que sabia que não sabia. Esse conhecimento de sua própria ignorância sempre foi o que impulsionou os grandes pensadores. Mas hoje vivemos tempos estranhos, em que não saber algo, ou saber de forma superficial, é considerado um mérito.
Hoje, alguém que viu um meme na internet ou um vídeo de cinco minutos se considera uma autoridade no assunto. Mais: considera-se uma autoridade mais competente do que quem passou a vida estudando aquele assunto, escreveu livros, artigos etc.
Um exemplo: em uma discussão sobre educação, um indivíduo defendia que a solução para a educação no Brasil era apenas mudar a "grade" curricular. Feito isso, tudo se resolvia por mágica. Segundo a pessoa, era preciso esquecer ignorar todos os pensadores da educação e se focar apenas nisso: mudar a "grade". Não sabia exatamente que tipo de mudança, mas sabia que a solução para tudo estava na mudança da "grade". Onde ele aprendera isso? Num meme.
Outro exemplo é a questão dos que defendem que o nazismo era comunista. Leandro Karnall, doutro em história e um dos mais importantes historiadores brasileiros, diz que em décadas participando de congressos internacionais, nunca ouviu falar disso. Mas, segundo os defensores do nazismo-comunista, Leandro Karnall é suspeito para falar justamente por ser um historiador.
Eu já escrevi um livro sobre o nazismo e, durante a pesquisa em vários outros livros e sites sérios na época não encontrei nenhuma referência a isso de nazismo-comunista. Mas, segundo alguns comentadores de internet eu sou suspeito para falar sobre assunto justamente por ter escrito um livro sobre o nazismo. Ou seja: o fato de eu ter pesquisado o suficiente para escrever um livro, faz com que eu tenha menos autoridade para falar sobre o assunto do que uma pessoa que viu um meme com uma imagem de uma moeda com a suástica e a foice e o martelo (uma imagem que ninguém sabe dizer a fonte) ou viu um vídeo de dois minutos.
Outro exemplo é a questão dos que defendem que o nazismo era comunista. Leandro Karnall, doutro em história e um dos mais importantes historiadores brasileiros, diz que em décadas participando de congressos internacionais, nunca ouviu falar disso. Mas, segundo os defensores do nazismo-comunista, Leandro Karnall é suspeito para falar justamente por ser um historiador.
Eu já escrevi um livro sobre o nazismo e, durante a pesquisa em vários outros livros e sites sérios na época não encontrei nenhuma referência a isso de nazismo-comunista. Mas, segundo alguns comentadores de internet eu sou suspeito para falar sobre assunto justamente por ter escrito um livro sobre o nazismo. Ou seja: o fato de eu ter pesquisado o suficiente para escrever um livro, faz com que eu tenha menos autoridade para falar sobre o assunto do que uma pessoa que viu um meme com uma imagem de uma moeda com a suástica e a foice e o martelo (uma imagem que ninguém sabe dizer a fonte) ou viu um vídeo de dois minutos.
Por outro lado, os tais "especialistas de meme" são incapazes de explicar, por exemplo, por que os nazistas usavam um símbolo budista sem serem budistas.
Essas são pessoas que fazem campanha contra a mídia e contra os livros. Nos comentários das páginas de jornais é comum encontrar postagens com telefones para cancelar a assinatura. Em postagens sobre livros, os comentários argumentam que livros são mentirosos.
Para essa geração, orgulhosa de sua própria ignorância, a verdade está lá fora: no zap zap.
Essas são pessoas que fazem campanha contra a mídia e contra os livros. Nos comentários das páginas de jornais é comum encontrar postagens com telefones para cancelar a assinatura. Em postagens sobre livros, os comentários argumentam que livros são mentirosos.
Para essa geração, orgulhosa de sua própria ignorância, a verdade está lá fora: no zap zap.
Tristes tempos em que ser ignorante virou motivo de orgulho.
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