quinta-feira, maio 09, 2019

Promethea - Alan Moore explora a magia da imaginação



Promethea é uma série em quadrinhos, criada por Alan Moore, J. H. Williams III e Mick Gray e publicada pelo selo ABC (America's Best Comics), da editora WildStorm entre 1999 e 2005, num total de 32 edições.
A revista mostra um universo alternativo retro-futurista em que Nova York é defendida por heróis científicos e o gibi do Gorila Chorão é um fenômeno de vendas (a metalinguagem é um dos elementos básicos da série, já que mais de uma Promethea será uma personagem de quadrinhos).
A história inicia em Alexandria, no ano 411 DC. Um grupo de fanáticos cristãos se aproxima para matar um mago. A história se passa pouco depois da morte da filósofa Hipátia por hordas igualmente fanáticas. Sabendo que irá morrer, o mago envia sua filha para o deserto.  Depois de muito andar, a menina encontra uma figura composta pelos deuses Hermes e Toth. Hermes segura o Caduceu, o cetro com duas cobras que se tornará símbolo da heroína. Eles oferecem à menina a chance de sobreviver na Imatéria, onde ela viverá como uma história.
Embora a HQ inicie no Egito, nos primeiros anos da era cristã, sua trama se desenvolve no ano de 1999.
Sophie Bangs é uma jovem estudante realizando uma pesquisa sobre Promethea e procura Bárbara Shelley, esposa de um quadrinista responsável pela última encarnação ficcional de Promethea. Ao ter a entrevista recusada, ela acaba sendo atacada por uma criatura das trevas, um Smee e é salva pela antiga Promethea, agora já gorda e fora de forma e que acaba sendo ferida no confronto.
Escondidas e fugindo da criatura, Sophia precisa usar sua imaginação para se transformar em Promethea e a salvar as duas.
Isso se relaciona às ideias de Moore a respeito da magia. Segundo ele, a magia, nas suas versões mais antigas, era chamada de “a arte”. Assim, a arte é, como a magia, uma forma de manipular símbolos para operar mudanças na consciência. Ao retratá-la dessa forma, Moore quebra com a imagem comum da magia nos quadrinhos.
Moore cria toda uma mitologia para a personagem, dotando-a de uma história que remonta a séculos.
Assim, o primeiro registro moderno da personagem seria o poema Um romance de fadas, de Charlton Sennet (1751-1803). Nesta obra, Promethea era uma serviçal de Titânia, de Sonhos de uma noite de verão. 
Como consequência do poema, Sennet transforma sua criada em Promethea e se relaciona com ela, deixando-a grávida. Mas essa união de um humano com uma história é fatal para a moça, que morre no parto. 
Em seguida a heroína aparece como personagem secundária na tira Pequena Magie na misteriosa terra encantada no início do século XX.
A partir da popularidade das revistas pulps surge a nova versão da personagem, com histórias produzidas por escritores fantasmas e capas chamativas de Grace Brannagh.
A editora detentora da personagem é comprada por uma editora de quadrinhos e em 1946 a personagem ganha seu próprio gibi, escrito e desenhado pelo ex-professor de literatura clássica William Woolcott, que acaba sendo assassinado por um agente da FBI (descobre-se depois que Woolcott, através da força da imaginação, transformava-se em Promethea, tendo um caso com o tal agente).
A encarnação seguinte, surgida na década de 1970 é a de Steven Shelley, cuja esposa Bárbara, Sophie conhece no início da série.
Alan Moore usa o que parecia ser uma simples história de super-heróis em um tratado sobre política, magia, psicologia, filosofia... é uma das séries mais complexas e interessantes já produzidas nos quadrinhos.

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