O cinema britânico tem, na
maioria das vezes, um humor muito próprio, sutil e ao mesmo tempo exagerado, irônico.
Enquanto o cinema americano geralmente constrói a verossimilhança através da
seriedade, o cinema britânico o faz rindo de si mesmo. E essa é a maior
qualidade Rocketman, cinebiografia de Elton John dirigida por Dexter Fletcher.
A estrutura ajuda muito a
narrativa: Elton é mostrado saindo na direção de um show, com uma espalhafatosa
fantasia de diabo, mas ao final, acaba adentrando uma sala dos AA. Ali ele
começa a falar de sua vida – e essa narrativa costura os fatos.
Por si só isso já deixaria
o filme mais interessante, mas a forma como isso é feito deixa o filme
absolutamente delicioso, mesmo para quem nunca foi fã de Elton John, como é o
meu caso.
O próprio fato dele entrar
na sala vestido de forma espalhafatosa e – vestido assim, começar a terapia, já
mostra a pegada de humor britânico da produção. Além disso, em vários momentos
a narrativa é entremeada por números musicais. Isso é feito com uma ponta de
humor que parece dizer ao expectador: “Ei, isso é um filme, podemos fazer o que
quisermos!”.
Uma das sequências mais interessantes
mostra o período em que, deslumbrado com a fama e com a fortuna, Elton John se
entrega a excessos. Em determinado ponto ele passa por diversos quadros famosos
e mal olha para eles – e só sabemos que ele os comprou porque garotas, que, em
uma coreografia divertida, colocam nos quadros adesivos de vendido.
Rocketman é uma boa
surpresa.
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