Quando
voltou dos EUA, onde morou na década de 1920, Lobato trouxe o sonho de tornar o
Brasil um país tão próspero e rico quanto os EUA. Ele percebera que o petróleo
era a base do desenvolvimento daquele país e a solução para desenvolver o
Brasil era o petróleo. Mas não ia ser fácil dar petróleo ao Brasil. Para
começo, não havia qualquer apoio governamental. Pelo contrário. Dizia-se e
redizia-se que no Brasil não havia petróleo. Se houvesse algum, os americanos,
espertos que eram, já o teriam descoberto, argumentavam. Lobato pensava
diferente. Se quase todos os países com os quais temos fronteira retiravam
petróleo, porque o Brasil, e só o Brasil teria sido boicotado pela natureza?
Havia,
inclusive, evidências. No início do século um geólogo dinamarquês descia um rio
do Mato Grosso quando observou na água um óleo que alcançava a água através de
um barranco. Foi acompanhando o rastro e encontrou um olheiro que soltava óleo
em grande quantidade: até 600
litros por dia! Era petróleo. E dos melhores. O dinamarquês
recolheu o óleo, analisou e correu para o Rio de Janeiro para pedir licença
para exploração. Estranhamente, o governo se recusou a dar a licença.
Em
1918 um sábio alemão chamado Bach foi parar em Alagoas. Achou que
a região poderia ter petróleo e fez estudos. “Aqui há petróleo para abastecer o
mundo”, concluiu. E formou uma empresa para explorar a mina.
Súbito
morreu. Quando atravessava uma lagoa com um canoeiro que não era o habitual, a
canoa virou. Lá se foi o sábio para o fundo, enquanto canoeiro nadava
tranquilamente para a margem...
Mesmo
com essas estranhices, Lobato inventou de formar uma empresa exploradora de
petróleo. Com o dinheiro do petróleo entraria de sola no projeto de fabricar
aço por um novo processo mais econômico e ecológico.
Lobato
começou a escrever em jornais, divulgando o petróleo brasileiro, e os
acionistas começaram a aparecer.
Certa
vez foi no escritório um homem visivelmente pobre. O que não era de se admirar,
já que a maioria dos acionistas era composta de gente humilde, que tinha o sonho
de enriquecer. O susto veio quando o homem depositou na mesa uma grande quantia
em dinheiro. Lobato
piscou trinta vezes.
-
Mas, mas... gaguejou Lobato. Todo esse dinheiro...
-
São minhas economias. Guardei durante anos.
O
escritor, passado o susto, caiu um si. Onde já se viu, investir as economias de
uma vida, todo o dinheiro, numa empreitada arriscada que podia dar em nada?
Lobato disse isso ao futuro acionista.
-
Sei, sei de tudo. - respondeu ele. Estou investindo porque acredito que assim
posso ajudar o Brasil.
Lobato
abaixou-se para pegar uma caneta que, de fato não tinha caído e, assim
escondido, tratou de enxugar umas aguinhas que insistiam em cair-lhe dos
olhos.
Começaram
as escavações e com elas os problemas. Surgiram mais e mais dificuldades
jurídicas, a maior parte delas provocada pelo órgão do governo que deveria incentivar a descoberta de
petróleo. Um amigo de Lobato, que também estava engajado na campanha pelo
petróleo, foi misteriosamente assassinado.
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