Abapuru é o quadro mais
famoso e importante da arte brasileira. Ele foi pintado em segredo por Tarsila
do Amaral e dado de presente para seu esposo no dia de seu aniversário, em 11
de janeiro de 1928.
Oswald de Andrade ficou
fascinado com o quadro e mostrou para o poeta Raul Bopp. Juntos começaram a analisar
a imagem e ver ali um índio canibal, aquele que iria devorar a cultura vinda de
fora para apossar-se dela e reinventá-la.
Tarsila procurou um dicionário de tupi e
encontrou ali as palavras “aba” e “poru”, homem que come. Assim foi batizado o
que se tornaria o quadro mais importante da arte brasileira.
Oswald usou o quadro como exemplo de sua
proposta para a arte brasileira: ao invés de imitar os europeus, como se fazia
até então, procurar uma arte nacional através da assimilação de vários
elementos e reinvenção dos mesmos.
Quando o casal se separou, Tarsila quis ficar
com o quadro – e ofereceu para Oswald um outro quadro seu, na época mais
valioso.
Conforme participava de exposições no Brasil e
no exterior, Abapuru foi ganhando fama.
Nos anos 1960, Tarsila vendeu o quadro para o
crítico de arte Pietro Maria Bardi, fundador do MASP. Sua ideia era que o
quadro passasse a integrar o acervo do Museu. Mas Bardi preferiu ganhar
dinheiro. O quadro foi vendido e revendido, tornando-se mais valioso a cada
ano, até ir parar nas mãos de um colecionar argentino, que o colocou no acervo
de um museu de Buenos Aires.
A volta do quadro para o Brasil este ano, em
uma exposição temporária no MASP, levou uma verdadeira multidão para o museu
(foi quando tirei essa foto).
Uma curiosidade é que o quadro surge depois de
uma visita do casal Tarsila-Oswald para as cidades históricas de Minas Gerais.
Tarsila ficou encantada com a cultura local, principalmente as cores e passou a
incorporá-la nas suas pinturas. Há um depoimento dela segundo o qual ao estudar
na Europa ela aprendeu que as cores vivas eram feias e deviam ser evitadas, e
depois dessa visita a Minas ela deixou de se envergonhar de usá-las em seus
quadros.
Aliás, essa proposta lembra muito as ideias de
um amigo do casal, Monteiro Lobato, segundo o qual os artistas brasileiros
deveriam deixar de simplesmente imitar os europeus e buscar em nossas raízes
populares o norte para uma arte brasileira.
Sem comentários:
Enviar um comentário