segunda-feira, janeiro 27, 2020

Atypical: o autismo como elemento dramático


O autismo é um transtono pouco conhecido na nossa sociedade. Muitas pessoas que apresentam sintomas de espectro autista não sabem, pois na maioria das vezes se imagina o autista como alguém incomunicável, incapaz de viver em sociedade.
Só por ajudar a diminuir esse estígma a série Atypical já tem seu mérito. Criada pela roteirista  Robia Rashid, a série conta a história de Sam, um rapaz de 18 anos que trabalha em uma loja de aparelhos eletrônicos, está terminando o ensino médio e precisa lidar com novos desafios, como a ida para a faculdade, a adolescência e o relacionamento com uma namorada. Fascinado pela Antártica, ele narra em off os episódios, fazendo sempre referência a pinguis e outros animais antárticos. A narrativa que lembra seriados célebres, como anos incríveis, tem uma razão muito bem definida em Atypical: é Sam contando para sua terapeuta os acontecimentos e comentando-os.
Kier Gilchrist, o ator que vive o protagonista tem uma atuação realmente digna de nota. Sem exageros, ele consegue interpretar alguém com espectro autista de forma realmente marcante. Pequenos detalhes, como tiques caracterizam a psiquê do personagem.
Atypical consegue mostrar como pequenas coisas, como dormir pela primeira vez fora de casa, podem ser grandes desafios para pessoas com espectro autista – e como esses podem ser capazes de superar esses desafios.
Além disso, há um bom elenco de apoio, com tramas paralelas que conseguem sustentar a atenção do público.
O sucesso do seriado, que já está em sua segunda temporada, deve ajudar a dar visibilidade para o tema. Muitos pais não procuram orientação por não saberem que seus pais são autistas, em especial quando se trata de casos leves.
A principal característica do autismo é a dificuldade de estabelecer relações sociais. Foco em um único tema, comportamentos repetitivos, dificuldade para lidar com som alto, inabilidade social e rituais são algumas das características. Uma curiosidade é que muitas pessoas com espectro de autismo gostam de colecionar coisas e organizar a coleção é uma atividade prazerosa para eles (daí pode-se adivinhar que muitas pessoas no meio nerd tenham algum nível de autismo).

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