terça-feira, janeiro 07, 2020

Jornada nas estrelas – a hora rubra


Um dos melhores episódios da primeira temporada de Jornada nas estrelas, A hora rubra resume boa parte das discussões filosóficas mais caras à série.
Na história, escrita por Boris sobelman a partir de um plot de Gene Roddembery, Sulu e outro tripulante estão investigando o desaparecimento de uma nave terrestre no planeta Beta 3 quando são atacados. Sulu consegue voltar à nave, mas foi transformado em uma espécie de zumbi para o qual tudo é belo e maravilhoso. Para resgatar o outro tripulante e desvendar o mistério, Kirk, McCoy, Spock e outros tripulantes descem ao planeta, mas são feitos prisioneiros por um ser poderoso chamado Landru, que parece governar o planeta como um ditador benevolente, que transforma todas as pessoas em seres sem alma que cultivam apenas a paz e a alegria. Enquanto isso, uma força interfere na Entrerprise e a nave está perdendo órbita, correndo o risco de cair sobre o planeta.
Há muitas discussões por trás do episódio. O primeiro deles, claro, o livre-arbítrio. Só existe felicidade real se houver escolha. Os habitantes de Beta 3 não podem escolher: são destinados à paz e a à felicidade. Mas trata-se de uma paz e uma felicidade débeis, como um fino gelo sobre um lago – tanto que, como forma de catarse, de tempos em tempos ocorre a hora rubra, um momento em que todos expressam seus instintos mais violentos. A cidade se torna um caos, mulheres são violentadas, homens brigam entre si, lojas são quebradas. A hora rubra é uma válvula de escape para manter a falsa felicidade.
A outra questão se refere ao grupo. Para Landru, o grupo é o mais importante, e todos devem ser absorvidos por ele, dissolvendo duas individualidades. E, quando fazem parte do grupo, as pessoas são totalmente obedientes e fazem algo que não fariam normalmente. Se Landru ordena que matem alguém, eles matam. Nesse sentido, o episódio é um alerta sobre o perigo da massa e da perda da individualidade.
Kirk levanta uma outra questão: uma sociedade como essa, em que todos parecem felizes, é também uma sociedade estática, que não evoluiu. A evolução da sociedade surge exatamente dos conflitos de ideias e das dificuldades enfrentadas.

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