Um dos melhores episódios da primeira temporada de Jornada nas
estrelas, A hora rubra resume boa parte das discussões filosóficas mais caras à
série.
Na história, escrita por Boris sobelman a partir de um plot de
Gene Roddembery, Sulu e outro tripulante estão investigando o desaparecimento
de uma nave terrestre no planeta Beta 3 quando são atacados. Sulu consegue
voltar à nave, mas foi transformado em uma espécie de zumbi para o qual tudo é
belo e maravilhoso. Para resgatar o outro tripulante e desvendar o mistério,
Kirk, McCoy, Spock e outros tripulantes descem ao planeta, mas são feitos
prisioneiros por um ser poderoso chamado Landru, que parece governar o planeta
como um ditador benevolente, que transforma todas as pessoas em seres sem alma
que cultivam apenas a paz e a alegria. Enquanto isso, uma força interfere na
Entrerprise e a nave está perdendo órbita, correndo o risco de cair sobre o
planeta.
Há muitas discussões por trás do episódio. O primeiro deles,
claro, o livre-arbítrio. Só existe felicidade real se houver escolha. Os
habitantes de Beta 3 não podem escolher: são destinados à paz e a à felicidade.
Mas trata-se de uma paz e uma felicidade débeis, como um fino gelo sobre um
lago – tanto que, como forma de catarse, de tempos em tempos ocorre a hora
rubra, um momento em que todos expressam seus instintos mais violentos. A
cidade se torna um caos, mulheres são violentadas, homens brigam entre si,
lojas são quebradas. A hora rubra é uma válvula de escape para manter a falsa
felicidade.
A outra questão se refere ao grupo. Para Landru, o grupo é o
mais importante, e todos devem ser absorvidos por ele, dissolvendo duas
individualidades. E, quando fazem parte do grupo, as pessoas são totalmente
obedientes e fazem algo que não fariam normalmente. Se Landru ordena que matem
alguém, eles matam. Nesse sentido, o episódio é um alerta sobre o perigo da
massa e da perda da individualidade.
Kirk levanta uma outra
questão: uma sociedade como essa, em que todos parecem felizes, é também uma
sociedade estática, que não evoluiu. A evolução da sociedade surge exatamente
dos conflitos de ideias e das dificuldades enfrentadas.
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