Lovecraft considerava A cor que caiu do espaço como
uma de suas melhores obras. Não é por menos: essa novela é um exemplo perfeito de
tudo que o autor considerava como ideal em uma história de terror. Segundo ele,
tudo que o conto fantástico almeja é pintar, de maneira séria, “o retrato convincente
de um determinado sentimento humano”. Segundo ele, a atmosfera, e não a ação, é
o que deve ser cultivado no conto maravilhoso.
Em A cor que caiu do espaço, um meteorito cai numa
fazenda de onde saem pequenas luzes indefiniveis. Com o tempo o local passa a
ser dominado por uma estranha presença, que enlouquece os humanos, envenena as
plantas e mata os animais.
A história é narrada por um engenheiro que vai
fazer observação para a construção de uma barragem que irá inundar o local. Ele
ouve a narrativa da boca de um vizinho do local onde caiu o meteorito.
É uma construção lenta de ambientação, com os
fatos, que inicialmente parecem inofensivos, se acumulado para criar uma a
sensação de terror. Lovecraft abusa das descrições que não dizem nada (nos
nunca sabemos como eram as tais cores) mas ajudam a criar o clima de
estranhamento, uma atmosfera de terror. Mesmo em momentos mais narrativos o
objetivo do autor parece ser muito mais criar uma ambientação do que descrever
os fatos. Um exemplo: “em um instante febril e caldedoiscópico irrompeu da
fazenda condenada e maldita um cataclismo eruptivo de centelhas e substâncias
sobrenaturais, que ofuscou a visão dos presentes e lançou em direção ao zênite
uma nuvem explosiva de fragmentos coloridos e fantásticos renegados pelo
universo que conhecemos”.
Essa história foi publicada em formato de bolso
pela editora Hedra em 2011. O volume inclui também dois textos autobiográficos
de Lovecraft e um texto sobre a ficção interplanetária.
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