sexta-feira, abril 03, 2020

Adeus, minha rainha


O filme francês Adeus minha rainha, dirigido por Benoît Jacquot e lançado aqui no Brasil pela Amazon Prime é um ótimo contraponto ao seriado Versailles, da Netflix.
Se Versailles mostra a monarquia absolutista no seu auge, representado pela construção do palácio que se tornaria o mais luxuoso da época, o filme de Jacquot se debruça sobre a decadência dessa mesma monarquia. Decadência refletida inclusive no próprio palácio.
Isso, aliás, é simbolizado na primeira cena, quando a protagonista acorda, descabelada, maltrapilha, coçando-se. Ali já temos outra grande diferença com relação à série: enquanto Versailles era focada no rei e na rainha, Adeus minha rainha é focado numa criada que lê para a rainha. A derrocada da realeza é mostrada do ponto de vista dessa menina, que cultiva um amor platônico por Maria Antonieta.
Assim, os principais acontecimentos iniciais da revolução francesa revelam-se pelo olhar dela, um olhar furtivo, como na vez em que ela e uma amiga se espremem numa janela para ver o rei e seus ministros. É algo que uma criada vê, um boato, um panfleto que chega às suas mãos.
Em Paris, o povo toma a bastilha. No palácio, os nobres em pânico passam a noite acordados, criados fogem com relógios de ouro, ratos mortos flutuam no lago. E uma lista de nobres que devem ser guilhotinados, encabeçada por Maria Antonieta e sua amante, a Duquesa de Polignac circula pelos corredores.
O filme talvez decepcione alguns por não mostrar de fato nenhum dos grandes eventos da época, já que sua proposta é focar apenas no que a jovem criada vê, mas não deixa de ser uma perspectiva interessante.
Um enredo como esse exige uma artista de peso e Léa Hélène Seydoux cumpre bem o seu papel, representando bem a paixão da criada pela rainha até mesmo quando isso pode colocar sua vida em risco.
De estranho mesmo só a direção repleta de zoons, que foram muito populares na década de 70, mas não são usados há pelo menos 20 anos.  

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