sexta-feira, abril 03, 2020

Manto e Adaga


A Marvel sempre teve como característica personagens diferentes, que se distinguiam muito da imagem clássica dos super-heróis. Mas nenhum deles eram tão singular quanto Manto e Adaga.
Surgidos em uma história do Homem-aranha, eles ganharam uma minissérie em quatro edições no ano de 1983, publicada aqui na revista Heróis da TV. Foram apenas quatro histórias, mas que chamaram atenção e marcaram os leitores da época.
Vítimas de uma experiência de traficantes, dois jovens ganham poderes opostos: Manto assume as trevas, enquanto Adaga é a luz.
Pode parecer algo simplório, mas o roteirista Bill Mantlo conseguiu dar grande profundidade ao conceito, transformando-os em opostos em tudo, mas complementares como se fossem versões humanas do Yin Yang.
Por viver nas trevas, Manto se alimenta de luz e é a parceira que lhe cede a essa energia, mas isso a afeta, podendo até mesmo matá-la. Esse impasse ético é boa parte do charme das histórias.
A história vai muito além da dicotomia típica das histórias de heróis, em que vilões e heróis são extremamente demarcados: em alguns momentos Manto parece o vilão em sua fome de luz, que o leva a sugar a energia de outras pessoas, matando-as.
Para ilustrar essa história foi chamado Rick Leonardi, um dos mais subestimados desenhistas dos comics americanos. Seu traço era bonito, inovador, dinâmico. E a caracterização dos personagens era perfeita na: Adaga era desenhada num traço limpo, enquanto o traço de Manto era uma massa de sombras. Ajudava muito, claro, a incrível arte-final de Terry Austin, que ajudava a dar leveza para a Adaga e peso para o Manto.  

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