Li O caso do filho do encadernador,
autobiografia de Marcos Rey (editora Atual). Li em tempo recorde, como costuma
acostecer com texto desse autor paulista. Mas houve uma razão a mais: uma
gripe, com garganta inflamada, que me convidava a ficar sentado em uma cadeira
espreguiçadeira ou deitado em uma rede.
Marcos Rey é meu escritor brasileiro predileto,
depois de Monteiro Lobato, e é muito interessante perceber como as suas
vivências serviram de inspiração para os livros infantis. O juvenil O mistério
do cinco estrelas, por exemplo, surgiu da admiração que o autor sentia pelos
grandes hotéis cariocas e pela convivência com seus funcionários, numa
hospedaria.
Interessante também perceber uma coincidência:
nós dois consideramos seu melhor romance O último mamífero do Martinelli, no
qual um refugiado político esconde-se em um abandonado edíficio paulista no
período da ditadura militar (aqui neste blog há uma resenha desse livro,
procurem aí, crianças!).
Algumas citações:
“O amor pelos quadrinhos tinha algo a ver com o
que senti pelo atlas. Eles me levavam a regiões desconhecidas: florestas
habitadas por feras perigosas, pantanais traiçoeiros, desertos percorridos por
tribos sanguinárias, geleiras ameaçadoras, territórios vulcânicos eternamente
em chamas, mares bravios, tragando embarcações e também Chicago com seus
gangsteres empunhando metralhadoras”.
“Descobrir um grande escritor é sempre um
estímulo para quem se inicia no ofício, e por Edgar Allan Poe nenhum aprendiz
passa indiferente. E, se passar, jamais passará a lugar algum”.
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