João de Deus era uma unanimidade nacional,
visto como um homem santo, que não cobrava por suas curas e vivia uma vida
humilde. Parecia ser alguém acima de qualquer suspeita, até que a equipe do
programa Conversa com Bial, da Rede Globo, resolvesse entrevistá-lo. Ao assistir
um documentário sobre ele, o apresentador desconfiou de algo e colocou sua
equipe para investigar. Com o tempo se
revelou uma história de horror, que envolvia o estupro de centenas de mulheres,
homicícios, tentativas de homicícios, contrabando, tráfico de drogas, armas e
muito, muito dinheiro.
A história se tornou tão grande que levou a
equipe produzir um documentário em seis partes, “Em nome de Deus”, disponível
na plataforma GloboPlay.
O documentário se debruça sobre o programa que
denunciou o médium e fez com que toda a história fosse revelada. Mas vai muito
além.
O médium já tinha sido denunciado por estupro e
foi inocentado pela juíza. Os casos remontam até a década de 1970, quando ele,
após violentar uma jovem, tentou matá-la com vários tiros.
Mas nada disso vinha público porque havia uma
extensa rede de proteção, que envolvia policiais, juízes e até jagunços, que
ameaçavam quem tentasse denunciá-lo.
Como um Al Capone moderno, João de Deus cobrava
uma mesada de todos os empreendimentos na pequena cidade de Abadiania: de
taxistas a donos de pousadas, todos pagavam, ou recaiam em sua fúria.
O programa também esmiúça o surgimento do médium,
desde a infância pobre até a fama internacional. Nesses trechos, inclusive,
fica muito clara a psicopatia do mesmo: a cada vez que contava como iniciou sua
mediunidade, ele mudava a versão, como se quisesse aperfeiçoar a história.
Em
nome de Deus é um documentário chocante e relevante, atrapalhado apenas pelo
artificialismo do padrão Globo em algumas sequências.
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