Em 1936 um governo de coalização de esquerda foi eleito na Espanha. A União Militar Espanhola, associação militar de caráter ultra-direitista e anti-republicana, preparou um golpe para derrubar o novo governo, mas os planos vazaram e os republicanos prenderam José Antonio Primo de Rivera, da Falange Espanhola Tradicionalista, e os principais generais de direita foram transferidos para localidades distantes. O general Manuel Goded foi enviado para as ilhas Baleares e o general Franco para as ilha Canárias.
Parecia que a ameaça de um golpe estava eliminada, mas novos acontecimentos políticos mudaram a situação. A discussão sobre as reformas estruturais, entre elas a reforma agrária, ganharam as ruas. Camponeses confiscavam terras de grandes proprietários, greves ocorriam em todo o pais. Como a Igreja estava nitidamente do lado dos grupos de direita, seminários e conventos eram incendiados. Essa agitações fizeram com que a burguesia moderada e católica se aliasse aos militares fascitas.
A revolta militar teve início em 17 de julho de 1936, nas cidades marroquinas de Melilla, Ceuta e Tetuán, mas logo se alastrou por toda a Espanha. O general Francisco Franco assumiu o comando do exército e estabeleceu contato militar com outros chefes militares que temiam o “perigo vermelho”.
Em julho daquele ano, Franco foi nomeado pelos militares como Dirigente Máximo da Espanha Nacionalista.
O exército praticamente todo estava do lado de Franco. Os republicanos só contavam com os policiais e as massas de voluntários. Entre os republicanos havia os mais variados grupos, de anarquistas a democratas.
Iniciou-se uma guerra civil que chamou a atenção do mundo. Voluntários vieram de diversos países para lutar contra os fascistas, entre eles o escritor inglês George Orwell, que posteriormente ficaria famoso com os livros A revolução dos bichos e 1984. A Rússia enviou armas e aviões para os republicanos, enquanto a Alemanha e a Itália abasteciam os nacionalistas.
Depois de uma severa resistência por parte das milícias populares, Franco finalmente entrou em Madri no dia 28 de março de 1939, instalando uma ditadura fascista.
Poucas pessoas perceberam isso na época, mas o resultado da Guerra Civil Espanhola iria traçar os caminhos da Europa a partir daquele momento. A razão disso guerra civil espanhola foi o principal campo de provas das novas técnicas de luta que seriam introduzidas pelos alemães e seriam fundamentais nas vitórias nazistas na primeira fase da II Guerra Mundial.
Os alemães usaram a guerra civil espanhola para testar os prinícipios da guerra relâmpago. |
A Alemanha enviou à Espanha centenas de carros de combate, aviões, artilharia, armamento individual e aproximadamente 5 mil especialistas militares, na maioria pilotos reunidos na Legião Condor.
Os estrategistas alemães usaram a Espanha para testar a guerra aérea, muito propagada pelos teóricos militares. Descobriram que os aviões da época eram deficientes para atingir objetivos estratégicos. Havia, por exemplo, a falta de precisão dos bombardeios. Isso levou os técnicos da Luftwaffe a desenvolverem um novo sistema de navegação, o X-Gerat e o Knickebein.
Os aviadores aprenderam a coordenar suas ações com as forças terrestres, fornecendo apoio e ágil poder de fogo. Os aviões junkers e Stukas tornam-se especialistas em bombardeamento em mergulho, que irá provocar muitas perdas nos combates da Polônia.
Os alemães compreendem que é necessário romper com as táticas em que os caças atacavam sozinhos, comuns na I Guerra. Assim, criam a formação de quatro, com dois pares, cada um contando com um líder e um ponteiro.
Mas o maior ganho dos nazistas com a guerra da Espanha foi a experiência adquirida pelos pilotos. Os que passavam pela escola espanhola voltavam para a Alemanha repassar sua experiência para os colegas, enquanto outros iam aprender na prática. Quando estoura a II Guerra Mundial, nem um outro país do mundo tem tantos pilotos experientes em combate.
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