Por trás da
inocência, filme de Anna Elizabeth James, foi lançado pela Netflix como um
triller erótico/policial.
Na história,
uma escritora de romances policiais se vê obrigada a continuar a série que a
tornou famosa após uma oferta milionária da editora e do fato do marido ter
perdido muito dinheiro de alguma forma que não é explicada pelo filme. Para ter
tempo para escrever, ela contrata uma babá para cuidar dos filhos.
A partir
daqui, spoiller, então continue por conta e risco.
A babá
inicia uma relação com a escritora e, ao mesmo tempo, com o marido. Várias
sequencias parecem imaginação da escritora, ou simplesmente trechos de seus
livros mostrados para o expectador. A melhor amiga da escritora é assassinada,
assim como no livro que está sendo escrito.
A trama toda
parece um tremendo roteirismo. Para funcionar como trama policial, era
necessário um assassinato, então acontece um assassinato, sem que haja qualquer
motivação específica além das necessidades do roteiro.
E, no final,
o filme inova com uma tremenda reviravolta: a babá é a assassina.
Hã?
É tipo um
filme policial que inova por colocar o mordomo como culpado! No caso da tradução brasileira isso é ainda
pior porque a “reviravolta” do final, está no título “Por trás da inocência”.
E todas as
pistas de que algumas sequencias eram sonhos e imaginação? Sem falar em
incoerências inclusive visuais. Por exemplo, em uma cena a garota está com
traça, na cena seguinte está com o cabelo solto e cheio de cachos, nas cena
seguinte, minutos depois, está de volta com tranças. A escritora faz um
escândalo na mesa de jantar, dizendo que a babá está transando com o marido e
as crianças parecem chocadas. Na cena seguinte em que aparecem as crianças,
parece que nada aconteceu. São muitas incoerências que davama entender que se tratava de sonhos ou
imaginação. Como não era, ficam apenas como incoerências.
E mais um
roteirismo: à certa altura as duas, escritora e babá vão fazer um piquenique e
os pneus de suas bicicletas é rasgado. O evento não tem função nenhuma dentro
da trama, não provoca nada além do fato delas voltarem para casa empurrando a
bicicleta e parece ter sido criado apenas para que mostrar o quanto a babá é má.
Há coisas
que são simplesmente jogadas e não explicadas, como a história do cheque da
editora, que faz a escritora acreditar que a babá está de alguma forma armando
contra ela (eu confesso que não consegui entender essa parte, alguém
entendeu?).
Greer
Grammer, que faz o papel da babá, tem uma boa atuação como a garota inocente e
carinhosa. Mas quando vira uma dominatrix malvada, parece mais cômica do que
realmente perigosa.
Enfim, por
trás da inocência parece uma boa ideia (uma trama policial em que imaginação e
realidade se misturam) mal aproveitada.
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