quinta-feira, maio 06, 2021

A era Image

 



No início dos anos 1990, uma nova geração começava a protagonizar sucessos estrondosos na Marvel Comics. O Homem-aranha 1, de Todd McFarlane vendera mais de um milhão de exemplares. X-force 1, de Robb Liefield vendera quatro milhões de exemplares. X-men, de Jim Lee, vendera 8 milhões de exemplares.
Era uma geração espalhafatosa, que fugia completamente do estilo funcional e narrativo dos anos 1980 e tinha pouco apreço pelo roteiro. Rob Liefield desenhava músculos que não existiam e janelas que por fora eram quadradas e por dentro eram redondas. O estilo dessa garotada foi resumido em uma fala de Todd McFarlane para seu editor em Homem-aranha: “Se eu posso entregar 22 páginas em branco e a meninada compra um milhão, quem se importa com os gibis que fizeram nos últimos cinquenta anos? Não me interessa se antes eram imagens e palavras!”.
Mas esses artistas, em especial McFarlane e Liefield estavam insatisfeitos. Queriam ser seus próprios editores e ter direitos sobre seus personagens. Ambos começaram a articular uma debandada em massa. Eles haviam percebido que a saída de um único artista, por mais importante que fosse, não abalaria a casa das ideias. Na década de 1970, por exemplo, Jack Kirby saiu da Marvel e não houve qualquer impacto sobre a editora.
Outros artistas, como Jim Valentino e Eric Larsen decidiram acompanhar o êxodo, mas o fiel da balança foi Jim Lee. Sua adesão ao projeto deu certeza de que a nova editora seria um calo no sapato da Marvel.
A nova editora se chamaria Image e seria um selo da Malibu.
O surgimento da Image coincidiu com a era da especulação, em que pessoas que entendiam pouco do mercado de quadrinhos compravam diversos exemplares da mesma revista esperando que elas valorizassem posteriormente. E as lojas compravam toneladas de quadrinhos esperando que os especuladores continuassem comprando caixas de gibis.
Os artistas da Image embarcaram num mundo de luxos: compravam mansões, carros para os amigos, contratavam animadoras de torcida para serem suas namoradas.
Mas a bolha explodiu: em algum momento de 1993 os especuladores começaram a perceber que talvez houvesse algo errado e começaram a debandar. Nesse meio tempo descobriu-se que muitos dos fãs de quadrinhos também tinham deixado de comprar gibis, cansados dos preços altos e das múltiplas capas variantes. As vendas despencaram.
Em apenas seis meses a indústria foi da euforia à bancarrota: milhares de lojas de quadrinhos fecharam suas portas.
Na Image, os artistas estavam brigando entre si e, especialmente, com Rob Liefield.
A era Image, de quadrinhos sem histórias e vendas astronômicas estava chegando ao fim.
Atualmente, o selo ainda existe, mas publica um material muito diferente do que tornou a editora célebre. Seu quadrinho mais vendido é Walking Dead, focado principalmente no roteiro de Robert Kirkman.

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