No
ano de 1986, Frank Miller estava de volta ao título do Demolidor, substituindo
no roteiro o seu tutor Denny O´Neil.
O´Neil
fora editor do Demolidor no início de carreira de Miller e convencera a Marvel
na época e deixar o desenhista cuidar também dos roteiros. Fora ele também que
ensinara ao novato a base da estrutura narrativa.
Os
dois escreveram juntos o volume 226 do título, numa espécie de despedida de
O´Neil de tributo ao mestre.
O Gladiador tem um bom motivo para voltar a roubar.
Na
história, o Gladiador, um ladrão regenerado, volta a roubar. Mas logo
descobrimos que ele tem uma razão para isso: ladrões sequestraram Betsy, a
assistente social pela qual o Gladiador é apaixonado, e ameaçam matá-la se ele
não conseguir um milhão em jóias.
Enfurecido
com o que acredita ser uma recaída, Matt Murdock se veste de Demolidor e
percorre a cidade, disposto a dar uma lição no vilão.
Alguns
dos elementos básicos da fase seguinte, A queda de Matt Murdock já estavam ali,
entrevistos nessa HQ, entre eles os transtornos psicológicos de Murdock. Mesmo
quando o Gladiador nitidamente está pedindo ajuda, o Demolidor o ataca. Quando
finalmente descobre o que está acontecendo, ele pensa: “Eu quase pergunto
porque não me pediu ajuda... mas estremeço ao perceber que ele fez isso”.
Mazzucchelli consegue fazer com que até um diálogo fique visualmente interessante.
A
sintonia entre mestre e discípulo é tão grande que fica difícil imaginar quem
fez o que no roteiro (embora seja possível pensar que O´Neil tenha ficado com
as partes mais reflexivas e Miller com as sequências de ação).
A
arte ficou por conta de David Mazzucchelli e Denis Janke. Os dois têm traços
parecidos, embora Janke tenha a tendência a deformar os personagens,
especialmente na cena de ação, e Mazzucchelli seja mais contido e consiga
tornar interessante até uma sequência de diálogos. Na fase seguinte da revista,
Mazzucchelli, sob o roteiro genial de Miller, se revelaria um verdadeiro
monstro do desenho.
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