Eu trabalhei durante 12 anos em faculdades particulares.
Nesse período encontrei algumas poucas faculdades sérias. Sérias no sentido de ensino, de serem boas escolas de terceiro grau. Em nenhuma delas, nem mesmo nas mais sérias, havia programa de incentivo à pesquisa ou extensão. Quando alguém realizava pesquisa, era por conta própria. Tive colegas de trabalho, professores universitários há anos, que nunca publicaram uma única linha e nunca participaram de um único congresso.
Mas nesses 12 anos encontrei também muitas faculdades pilantras. Faculdades que não tinham sequer biblioteca ou laboratório. Faculdades que alugavam currículos quando chegava uma comissão do MEC. Faculdades que contratavam professores doutores e mestres quando chegava comissão do MEC – e os demitia assim que a comissão do MEC pegava o avião.
Para terem uma ideia, certo professor levou os alunos para a própria produtora para que eles tivessem algum contato com a prática – já que na faculdade não tinham laboratório. Como resultado foi demitido porque os alunos não estavam na faculdade na hora da aula. Ou seja: não havia compromisso nenhum com o aprendizado dos alunos. O importante era o dinheiro das mensalidades.
Foram tantas histórias que acumulei nesses 12 anos que dava não um texto, mas um livro.
Aí eu vejo gente comemorando a diminuição das verbas das universidades públicas e propondo o fim dessas universidades. “Privatiza tudo”, dizem.
A maioria nunca pisou numa instituição de ensino superior, a julgar por comentários como: “As universidades hoje em dia têm servido de paucos para idielogia que em nada muda a minha vida.”.
Ou se formaram em faculdades particulares cuja mensalidade era de 5 mil reais.
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