domingo, julho 25, 2021

Psicopatas: uma mente peversa

 

Psicopatas são pessoas acima de qualquer suspeita.
 
Você provavelmente não sabe, mas conhece pelo menos um psicopata. Especialistas acreditam que até 3% da população pode ser composta de pessoas com esse tipo de transtorno de personalidade. Isso significa que a cada trinta pessoas, uma é psicopata. E, o mais importante: é aquele que você menos desconfia.
            A maioria das pessoas quando pensa num psicopata, pensa num louco assassino, de cabelos despenteados e cara de mau. Alguém de quem você certamente fugiria se encontrasse numa rua deserta à noite. As ilustrações de Jack, o estripador, refletem essa idéia. Ele geralmente é mostrado com os olhos esbugalhados, a boca distoricida, uma faca na mão e outra contraída em esgar de raiva e ódio. Na verdade, no caso de Jack e da grande maioria dos psicopatas, essa imagem é a mais distante possível da realidade. As prostitutas que foram vítimas de Jack sabiam dos outros assassinatos e não deixariam se aproximar qualquer pessoa suspeita. Além disso, a situação em que ocorreu os crimes demonstra que as vítimas confiavam no assassino. Uma delas até comeu uvas oferecidas por ele.
            Quando a canadense Leslie Mahaffy chegou em casa depois de uma festa e descobriu que os pais tinham deixado a porta fechada, achou que estava com sorte ao encontrar um rapaz de boa aparência e educado, que se ofereceu para ajudá-la. Ela foi com ele até sua casa, onde acabou trancafiada e serviu de escrava sexual durante duas semanas antes de ser morta, esquartejada e colocada em blocos que concretos que seriam jogados em um lago. 
            A literatura criminal mostra que psicopatas são pessoas simpáticas, acima de qualquer suspeita, pois sabem que se revelarem sua verdadeira face, serão presos imediatamente. Assim, adotam uma máscara social. 
            A grande maioria dos psicopatas nunca vai matar, mas viverá de enganar e destruir a vida de outras pessoas. "Eles andam pela sociedade como predadores sociais, rachando famílias, se aproveitando de pessoas vulneráveis e deixando carteiras vazias por onde passam", diz o psicólogo canadense Robert Hare, uma das maiores autoridades mundiais no assunto.
            Hare começou a se interessar pelo tema quando, recém-formado, arranjou um emprego no presídio de Vancouver. Sua função era atender presos com problemas psicológicos e montar perfis psicológicos para pedidos de condicional. Lá ele conheceu um preso chamado Ray. Era simpático, contava histórias envolventes e tinha um sorriso e que fazia qualquer um confiar nele. E o psicólogo confiou. Certo de que o preso estava dedicado a ter uma vida correta, ele o ajudou a passar para serviços melhores dentro da prisão, como a cozinha. Os dois ficaram amigos, até que Hare descobriu que Ray usava a cozinha para produzir bebidas alcoólicas e vender aos colegas. Os funcionários do presídio alertaram o psicólogo para o fato de que ele não foi o único a cair no golpe. Pouco tempo depois, o psicólogo viu a verdadeira face do psicopata: o gente boa Ray sabotou os freios de seu carro, o que quase provocou sua morte.
            A maioria dos criminosos demonstra uma preocupação responsável por seus amigos e parentes. Os psicopatas não se importam com ninguém e não criam laços afetivos.
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