Uma doença chamada flagelo
mata a maior parte da humanidade. Ao mesmo tempo em que surge, bebês híbridos,
humanos e animais começam a nascer. Ninguém sabe se eles são consequência do vírus
ou a causa da pandemia. Na dúvida, a maioria das pessoas os odeia e eles são
caçados como animais.
Essa é a premissa de Sweet
Tooth, série da Netflix baseada nos quadrinhos de Jeff Lemire publicados pela
DC Comics.
Sweet Tooth é centrada no
garoto Gus, um híbrido de humano e cervo, criado pelo pai em uma floresta isolada
de tudo e de todos. Esse idílio é quebrado quando o pai morre e Gus é
aprisionado por caçadores e salvo por um homem chamado na série de Grandão. Grandão
era um caçador de híbridos, mas a relação com Gus o transforma e surge daí uma
amizade improvável. Os dois empreendem uma viagem, em busca de respostas e da mãe
do garoto híbrido. No caminho, conhecem uma garota defensora dos híbridos
chamada de Ursa. Forma-se assim um trio improvável e disfuncional, mas que
magnetiza a simpatia do expectador.
Jim Mickle, o
responsável pela adaptação, fez algumas mudanças. Gus, por exemplo, que é um garoto
feio nos quadrinhos virou fofo garotinho na série. O tom também é menos cru. A
relação de Gus com o pai, por exemplo, é mais afetiva.
Mas aparentemente, nada do
que era realmente essencial na história foi modificado. A premissa das pessoas
odiando e perseguindo tudo que é diferente, por exemplo, se mantém. Além disso,
o garoto Christian Convery interpreta com perfeição o personagem,
conquistando o público desde a primeira tomada.
Muito bem dirigida, a série
mistura uma narrativa pós-apocalíptica e uma forte denúncia social com um tom
de fábula do tipo que vemos em filmes de Tim Burton, por exemplo. E a trama é
envolvente, com personagens carismáticos (interpretados por atores igualmente
carismáticos) e sem sequências de pura enrolação como é comum vermos em
seriados desse tipo. Tudo ali contribui para a narrativa fluir.
O clima é tão envolvente
que acabamos esquecendo que na grande maioria das cenas o único efeito especial
é um garoto com uma tiara de chifres na cabeça.
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