quinta-feira, agosto 19, 2021

Batman - morte em família

 


Em 1989 os quadrinhos de super-heróis estavam passando por uma grande transformação, em especial as histórias do Batman.
Obras como  Cavaleiro das Trevas e Piada Mortal haviam elevado o personagem a nível de dramaticidade poucas vezes alcançado. Além disso, o vilão Coringa, que antes era pouco mais que um palhaço, tornara-se um assassino serial.
Esse novo Batman parecia não combinar com um parceiro mirim. Além disso, os leitores pareciam não ter muita empatia pelo  novo Robin, Jason Todd. Aliás, a ideia da morte do Robin já havia sido explorada por Frank Miller em cavaleiro das Trevas. Mas, temerosa da repercussão, a DC resolveu consultar os leitores através de um número de telefone. Se o número de ligações pedindo a morte do personagem fosse maior que os dos que queriam que ele se salvasse, Todd morreria. E foi o que aconteceu (descobriu-se depois que o processo foi fraudado por um homem que programou seu telefone para fazer centenas de ligações pedindo a morte de Robin).
A saga ficou sob a batuta de Jim Starlin, responsável pelos roteiros e Jim Amparo, nos desenhos. Amparo é um desenhista competente, mas nem de longe genial - nem se compara, por exemplo, com Neal Adams, só para ficarmos em outro artista cujo nome é associado ao Batman. Assim, a força da HQ fica toda no roteiro de Starlin.
Na história, Jason Todd descobre que a mulher que ele acreditava ser sua mãe era na verdade sua madastra e vai em busca de sua mãe verdadeira. Em paralelo, o Coringa, após fugir da cadeia, descobre que está sem dinheiro e resolve vender um míssel nuclear para angariar fundos.  
Morte em família sofre de alguns roteirismos, como a coincidência de as supostas mães de Robin estarem sempre em locais nos quais está também o Coringa. Mas a força do texto é tanta, em especial na humanização dos personagem, que nos esquecemos disso. O texto seduz o leitor fazendo com que a narrativa se desenvolva de forma fluente. E o ponto alto, claro, é a morte de Robin nas mãos do Coringa. A sequência é crua, sinal dos novos tempos, e, ao mesmo tempo, pungente.Ali morria não só o Batman, mas também o antigo Coringa, que nos velhos tempos prenderia o menino-prodígio em alguma engenhoca e contaria seus planos enquanto o herói mirim fugia. Em seu lugar surge um Coringa psicopata, assassino, frio.
Essa história foi reunida em álbum capa dura na coleção de Graphics DC da Englemoss e é um dos itens obrigatórios dessa coleção.

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