quinta-feira, setembro 30, 2021

Conan – A libertação de Thugra Khotan



Algo que diferencia Conan da maioria das histórias de fantasia (e até mesmo de espada e magia) é que as histórias de Robert E. Howard tinham muito de terror, herdado de Lovecraft.  O terror criava o elemento  que equilibrava o erotismo latente das histórias, replicando os princípios de Eros e Thanatos. Soma-se a isso um protagonista que mais se aproximava de um anti-herói e temos a fórmula do que fez conan um personagem tão famoso na literatura e nos quadrinhos.

A libertação de Thugra Khotan, com roteiro de Roy Thomas e desenhos de John Buscema e Alfredo Alcala (e publicado originalmente em Savage Sword of Conan 2) apresenta todos esses elementos.

Na história, um ladrão invade um antigo templo para roubar tesouros e, no processo, liberta um feiticeiro que estava preso ali há séculos. A splash page inicial, com o ladrão aproximando-se do templo, é um dos melhores exemplos de como a dupla Buscema – Alcala era inspirada. A arte destaca o quanto o local é soturno, repleto de sombras  que parecem espreitar o personagem. O texto diz: “Lá está Shevatas, o ladrão... o único resquício de vida entre os colossais monumentos de desolação e decadência”.

A princesa atormentada por pesadelos. 


A história pula para o pequeno reino de Khoraja, onde a bela princesa Yasmela é atormentada em sonhos pelo espectro de Natohk: “Em breve, como uma avalhanche, eu passarei sobre as territórios dos meus antigos inimigos! Os soberanos daquelas terras fornecerão os crânios que serão usados como cálices... mas você... você será a minha Rainha, princesa... você aprenderá as formas de prazer há muito esquecidas...”.  as imagens mostram a princesa atormentada a ponto de parecer uma mendiga, os cabelos desgrenhados, a expressão assustada.

Aconselhada por uma criada, a rainha procura a estátua do deus Mitra, que dá um conselho estranho para a princesa: sair na rua, de madrugada, e convidar o primeiro homem que encontrar para se tornar o general de seu exército.

Claro que o homem que ela encontra é... Conan, que até então vinha trabalhando como mercenário para o exército do país. 

A dupla Buscema-Alcala consegue ilustrar até aquilo que seria difícil de descrever.


É conan que irá salvar o reino e a princesa, libertando o mundo da maldição do feiticeiro. A história, tirada diretamente de um conto de Howard, é um exemplo de como a equipe da revista estava em sintonia, conseguindo resultados igualmente assustadores e empolgantes – não por acaso essa história se tornou um clássico. Entre as sequências memoráveis, há uma em que a montaria do feiticeiro muda de forma. Buscema e Alcala consegue transformar em imagens algo que não poderia ser descrito.

No Brasil essa história foi publicada pela primeira vez em A espada selvagem de Conan 3.

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