quinta-feira, setembro 09, 2021

Dias de um futuro esquecido

 

A capa do número 141 se tornou uma das imagens mais famosas e imitadas dos comics.

Depois da saga da Fênix, parecia que os X-men nunca mais alcançariam o mesmo nível de qualidade ou apresentariam uma saga tão importante quanto. Veio uma história chamada Elegia, que era apenas um resumo de toda a saga dos mutantes e uma saga em duas partes com Wendigo. Nada muito empolgante.

Então John Byrne e Chris Claremont nos trouxeram Dias de um futuro esquecido. Publicada em apenas dois números (The Uncanny X-men 141 e 142), essa história era tão revolucionária do ponto de vista de concepção e se tornou imediatamente um clássico.

Na trama, a morte de um senador cria um imenso sentimento anti-mutantes que leva um candidato radical a conquistar a presidência dos EUA. Para implementar sua plataforma segregacionista e dar uma solução final ao problema mutante, ele reaviva os sentinelas, que, na ânsia de eliminar a ameaça mutante, mata a maior parte dos super-heróis e vilões. Os poucos que sobrevivem são confinados em campos de concentração e obrigados a usarem colares que inibem seus poderes. E agora os sentinelas querem continuar seu plano de eliminação indo para outros países, o que pode provocar uma guerra atômica que irá acabar com a humanidade. É uma visão extramemente sombria do futuro.

A história mostra um futuro distópico. 


A história inicia no ano de 2013, com Kate Pride se encontrando com Wolverine (que faz parte da resistência canadense) e recebendo dele um equipamento que irá desativar os colares. O plano é usar uma telepata para fazer a consciência de Kate voltar para o início dos anos 80 e salvar o senador, evitando que esse futuro distópico se realize.

A trama segue em paralelo: de um lado Kate Pride tentando convencer os X-men a ajudá-la a salvar o senador de um ataque da Irmandade mutante (e depois a batalha que se segue) e os mutantes do futuro tentando um plano B para acabar com os sentinelas e no processo sendo mortos um a um.

O mais assustador é que, embora os x-men consigam impedir a morte do senador, a história não mostra o futuro, deixando em aberto se ele foi mesmo alterado ou não.

Uma curiosidade é que o filme O Exterminador do futuro, que tem premissa muito parecida, é de 1984, três anos depois – o que levou muitos leitores a se perguntarem se os quadrinhos não teriam influenciado o filme.

A página da discórdia. 


Em tempo: essa história foi a pá de cal na relação entre John Byrne e Chris Claremont, que já apresentavam discordâncias criativas há muito tempo. Em determinado trecho do futuro, Wolverine abria a porta do edifício Baxter e entrava. Para dar destaque à personagem Ororo, de quem gostava mais, Claremont mandou Terry Austin redesenhar o quadro – que ficou no mínimo estranho, pois o Wolverine aparece pegando na maçaneta da porta anteriormente e depois aparece na frente dos outros.


 Para se vingar, Byrne fez uma capa em que Wolverine aparece em primeiro plano, sendo morto por um sentinela com uma rajada, num desenho extremamente detalhado. E, na mesma imagem, aparece a Tempestade morta na mão do robô. Mas enquanto o carcaju mereceu todo o capricho do mestre, a heroína parece um boneco.  

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