No ano de 1989 a editora
Globo lançou uma minissérie em quatro partes do Fantasma que se tornou célebre
por uma série de razões. A primeira delas é que a partir daí o herói começou a
ser publicado no Brasil na sua cor original, azul. Quando o personagem chegou
aqui não havia referências de cor e os editores usaram vermelho, que dava menos
problemas de impressão. Durante anos o Fantasma foi vermelho. Só a partir de 89
ele começou a usar as cores originais.
Mas as razões iam muito além
disso. O roteiro ficou por conta do competente Peter David e os desenhos
ficaram a cargo do veterano Joe Orlando e ecoava diretamente a revolucionária série
Watchmen. Primeiro porque a história girava inteiramente ao redor de piratas. E
Watchmen tinha um gibi dentro da história chamado Contos do Cargueiro Negro
que, segundo os textos de Alan Moore, era desenhado por... Joe Orlando! Para
aumentar ainda mais a conexão entre as obras, as ótimas capas de Orlando eram
arte-finalizadas por Dave Gibbons, desenhista de Watchmen.
Joe Orlando, o desenhista da série, era também o desenhista da imaginária série sobre piratas em Watchmen.
A narrativa também era
revolucionária. Nela,o garoto Rex está lendo, escondido, os diários dos fantasmas,
e se depara com as anotações do 14º Fantasma contando como seu pai, o 13º Fantasma,
morreu. Enquanto isso, o fantasma que conhecemos, o 21º, enfrenta um grupo de piratas
que são descentes daqueles que provocaram a morte de seu antepassado. A narrativa
flui de maneira paralela, uma trama refletindo a outra. Era perfeito porque,
embora a narrativa refletisse todas as experimentações narrativas da década de
1980, unia isso ao saudosismo.
A história gira em torno de duas tramas paralelas.
O único problema dessa edição
é que as legendas, que reproduzem as crônicas do Fantasma, foram produzidas em
letras cursivas. No formatinho, ficou praticamente impossível de ler. É
surpreendente que, com tantas republicações, nenhuma editora tenha pensado em
publicar esse material no formato original.
A série unia saudosismo com iovações narrativas.
Em tempo: eu tive o gibi na época,
mas acabei perdendo numa das muitas mudanças. Só consegui novamente graças ao
amigo Alan Yango, da Banca Planeta, em Belém.
Sem comentários:
Enviar um comentário